A presidente argentina, Cristina Kirchner, teria privilegiado dois grupos de mídia aliados a seu governo com publicidade oficial em 2010, em vez de optar por contratos com meios de comunicação críticos ou neutros com relação a sua administração. É o que aponta uma denúncia publicada no jornal La Nación ontem. O governo argentino destinou 47,5% da publicidade oficial reservada aos meios impressos para os veículos do empresário Sergio Szpolski e o jornal Página 12 entre janeiro e novembro de 2010, segundo informações do La Nación.

continua após a publicidade

A denúncia – que tem como base dados oficiais, mas parciais, já que o governo Cristina não divulga os dados completos desde meados de 2009 – indica que, dos US$ 31,8 milhões que a administração destinou em publicidade oficial à mídia impressa, US$ 6,87 milhões (21% do total) foram para os meios impressos do Grupo Szpolski, entre eles os jornais Tiempo Argentino, Buenos Aires Econômico e as revistas Veintitrés e Veintitrés Internacional.

Outros US$ 8,47 milhões – 26,5% do total das verbas – foram destinados ao jornal Página 12, veículo que revolucionou o jornalismo argentino nos anos 90. Mas, nos últimos sete anos, se transformou em uma tribuna de defesa das políticas do governo do ex-presidente Néstor Kirchner e da presidente Cristina Kirchner.

A denúncia ainda afirma que o jornal Buenos Aires Econômico obteve ao menos US$ 1,6 milhão no ano passado. O veículo cobre com destaque as atividades oficiais de Cristina, mas possui uma tiragem de apenas 2,5 mil exemplares diários. No entanto, com tiragem diária de 160 mil, o tradicional e crítico La Nación obteve US$ 1 milhão com publicidade estatal em 2010 – em 2009, a verba foi de US$ 2,6 milhões. O Clarín, considerado o “grande inimigo” pelo governo Cristina, recebeu em 2010 US$ 3,22 milhões, quase metade dos US$ 6 milhões obtidos em 2009.

continua após a publicidade