Cristianismo desengrenado

A missa de “corpo presente”, de Manoel Bernardi foi de encher a igreja; até “seu Nhunho”, prefeito local, esteve presente. O celebrante foi o autor deste artigo.

Assim foi o desastre: o jeep ficou sem freio no começo da serra. O motorista deu uma acelerada e tentou engatar a primeira marcha e não conseguiu; tentou a segunda, e nada…

E agora? barranco ou capoeira?

Optou pela capoeira, e foi a pior viagem. O jeep quebrou os primeiros arbustos e já se foi para uma queda livre de 90 metros: era um precipício.

A causa imediata da tragédia foi o jeep não engrenar o motor.

Assim está o cristianismo em relação à Bíblia: tanto a Igreja Católica como os demais credos cristãos não engrenam mais na Palavra de Deus.

Se descermos num estádio lotado de cristãos hodiernos e dissermos que “é necessário rezar sempre sem jamais deixar de rezar” Lc 18, esse estádio não engrenará na proposta.

Se dissermos que Deus não quer que o homem roube a imagem da mulher usando cabelos longos e brincos nas orelhas (Deut. 22), a rejeição da mensagem será drástica, até da parte de não usuários do novo costume.

Se dissermos que ser gay ou homossexual é pecado que brada ao céu e atrai fogo sobre Sodoma, Rom cap. 1: pode-se esperar arevolta dos que estão nesse erro.

E a vinda gloriosa de Cristo?

E o juízo final? Mt 25

Etc.

Não engrenará.

Se este profeta imaginário deslocar-se para dentro de uma igreja, de preferência católica, e perguntar aos presentes se crêem na Ressurreição e na vida eterna, este profeta será visto como reacionário: um alguém que reage para trazer de volta o que já passou.

Respeitadas as numerosas exceções, os católicos e seus celebrantes também, não engrenam mais nas coisas da fé. Quanto aos que estão engrenados fica-lhes a sensação de estarem contra a corrente ou a vergonha de ainda crer porque não conhecem a diferença entre fidelidade e fundamentalismo.

E agora?

Agora podemos ver pela televisão que o Jeep da humanidade, desengrenado de Deus, corre para um abismo.

O dulcíssimo e terrível Jesus, desta vez, está querendo mostrar que sem Ele nada podemos: “Sem mim nada podeis fazer”.

Mas, a religião sem obras é morta! Com certeza objetarão aqueles que sabem apenas falar; vejam-se as obras sociais em escala mundial, dirão outros.

É verdade; é também verdade que ajudar o próximo, de tão importante que é, será o assunto do Juízo Final entre Cristo e a humanidade.

Porém, tais obras não passam de feliz e salutar coincidência com o mandamento bíblico. Na sua maior parte não passam de mera filantropia, comum até aos organismos governamentais. São piedades naturais sem relação de fé ou obediência a Deus. Assim, também Judas e Carlos Marx se destacaram nessa virtude, mas lhes deu tudo em nada.

Digo ainda que, dos três, o Manoel foi com o jeep; o companheiro da direita saltou fora, mas de nada valeu: no embalo da queda foi também; o da esquerda conseguiu ficar num “degrau” que precedia o abismo.

Se o leitor é um alguém sem fé, sugiro ler Lucas 21,26: “Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir ao mundo inteiro”. Bateu?

Se é alguém de fé, então fique com Joel 3,5: “Quem invocar o nome do Senhor será salvo”.

Se é alguém que “sofre e geme debaixo de tanta abominação” ou pela simples decadência da fé, então leia Ezequiel cap. 9, e considere-se marcado na testa por Deus com o T da salvação.

Albino Dziadzio

é padre em Guarapuava-PR.

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