Milhares de pessoas entraram em choque com a polícia no Egito nesta quinta-feira, durante o funeral de seis dos sete cristãos coptas mortos na noite de ontem num ataque, informaram oficiais de segurança.
Durante esta quinta-feira, dia que marca o Natal no Cristianismo Copta, 5 mil manifestantes na cidade de Nag Hammadi, no sul do Egito, jogaram pedras na polícia e depredaram automóveis e lojas. Mais cedo, os manifestantes destruíram ambulâncias na frente de um hospital, frustrados com a demora para a liberação dos corpos dos mortos na noite de ontem.
Os tumultos foram retomados após o sepultamento dos corpos, com coptas furiosos destruindo vidraças de lojas e perseguindo muçulmanos pelas ruas da cidade.
Na noite de ontem, três homens num automóvel metralharam uma multidão que deixava a igreja de Nag Hammadi, cidade vizinhas às ruínas da antiga Luxor. O homem que liderou a agressão, muçulmano, é um criminoso com antecedentes, disseram as autoridades.
Minoria
Os cristãos, na maioria coptas, são 10% da população do Egito, país com 80 milhões de habitantes e predominantemente muçulmano. Os muçulmanos, de uma maneira geral, convivem em paz com os coptas, menos no sul do Egito, onde choques ocasionais ocorrem por disputas de terras. Nos últimos anos, os tumultos se alastraram ao Cairo. O ataque de ontem foi o pior em uma década.
Em 2000, sangrentos tumultos entre muçulmanos e cristãos deixaram 23 pessoas mortas, das quais 21 eram coptas.
O ministro do interior do Egito disse suspeitar que o ataque de ontem tenha sido uma retaliação pelo suposto estupro de uma menina muçulmana de 12 anos, na mesma cidade, por um homem cristão. O acusado está preso e aguarda julgamento.
O bispo de Nag Hammadi, Kirollos, disse que a maioria dos mortos eram homens jovens e adolescentes. À medida que o conservadorismo islâmico ganha terreno no Egito, a minoria cristã se queixa de sofrer discriminações.
Um relatório recente da Anistia Internacional informou que a violência contra a comunidade copta do Egito, que tem entre 6 milhões e 8 milhões de pessoas, aumentou em 2008, com oito pessoas assassinadas.