O atual secretário geral Ibero-americano e ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de 1988 a 2005, o uruguaio Enrique Iglesias, disse nesta segunda-feira (24) que prevê "dois anos muito difíceis" devido a atual crise dos Estados Unidos e considera que seu impacto sobre a América Latina dependerá, em grande parte, de seus efeitos nos mercados asiáticos.
Em reunião com economistas em Montevidéu, Iglesias afirmou que a crise se deve a causas surgidas nos Estados Unidos e estendidas à Europa por "uma má gestão de ação bancária".
O secretário considera que a crise foi gerada porque o governo norte-americano não tomou medidas que "sempre pediu a nós (da América Latina) nos anos 1990, como o controle do déficit fiscal", "o assunto não é nosso, foi gerado no exterior, irresponsavelmente", acrescentou.
"Acredito que vamos sair (da crise) porque, evidentemente, um sistema financeiro internacional está comprometido, um eixo da economia capitalista", "mas muitas vítimas vão ficar no caminho, especialmente no norte e o dólar é uma delas", declarou em um diálogo com a rádio Carve.
Iglesias acrescentou ainda que a América Latina não será afetada pela crise se "os efeitos não contaminarem o mundo asiático e a China, de quem dependemos pelos preços das matérias-primas", mas que se a crise, "de alguma forma, chegar à economia asiática, também cairá sobre nós".