A Europa Ocidental já começou a sentir os efeitos da disputa comercial e política entre Rússia e Bielo-Rússia em torno do fornecimento de gás. Ontem, o Parlamento Europeu confirmou que o combustível que chega à Alemanha, à Polônia e à Lituânia sofreu redução. A causa foi a decisão do governo bielo-russo de bloquear seus dutos em represália à pressão da estatal russa Gazprom, que cobra do país vizinho 160 milhões de euros em dívidas.
Apesar das declarações de ambos os lados pregando o entendimento, a Gazprom reduziu ontem em 30% o volume de gás que é transferido para a Bielo-Rússia. Na segunda-feira, o corte era de 15%. O objetivo oficial da restrição é forçar o governo de Minsk a cumprir os acordos comerciais entre os dois países, que fixam em 169 euros o preço por mil metros cúbicos de gás, e não 150 euros, pagos pela Bielo-Rússia.
Em resposta à Gazprom, o presidente bielo-russo, Alexandre Lukachenko, ordenou a interrupção do trânsito de gás russo por seus dutos em direção a outros clientes europeus. Segundo o executivo, é a Rússia que deve ao país pelo uso dos dutos. “Não devemos nada à Gazprom, e eles nos devem 260 milhões de euros.”
À noite, o presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, confirmou que a Europa já sente a queda no volume de gás. Para ele, a nova “guerra do gás” mostra a ineficiência dos mecanismos criados após a última crise, em 2009. A situação só não é mais preocupante porque é verão no Hemisfério Norte, quando cai o consumo de gás.