Já transcorreu um ano, mas a ferida continua aberta: 69% das crianças de Nova York e quatro em cada dez do restante dos EUA sofrem de distúrbios emocionais provocados pela tragédia de 11 de setembro de 2001. Segundo uma recente pesquisa do Children?s Health Fund, pesadelos, ataques de ansiedade, depressão, insônia, medo de espaços abertos, dores de cabeça e problemas estomacais são os principais sintomas apresentados pelas crianças traumatizadas pelos atentados terroristas.

Em Nova York, a cidade que assistiu abismada o desabamento das Torres Gêmeas, 40% das crianças temem por sua integridade e de seus familiares. Mas o trauma não afetou apenas a infância nova-iorquina. “A escolha do World Trade Center aumentou a exposição indireta”, observou William Schengler, autor do primeiro estudo nacional sobre os efeitos psicológicos do ataque.

Para a psiquiatra Christina Hoven, da Columbia University, que estudou 8,3 mil menores nova-iorquinos entre nove e 18 anos, o trauma afetou toda uma geração. “Muitos deles ainda não estão conscientes disso, mas arrastarão por toda a vida as cicatrizes daquele dia”.

O problema ficou ainda mais visível com a volta às aulas após as férias de verão, coincidindo com a aproximação do aniversário da tragédia. “Para muitos, o início das aulas está nitidamente ligado à lembrança daquele dia”, disse o psiquiatra David Fassler, da Universidade de Vermont. “As crianças tendem a associar acontecimentos próximos no tempo. Devido a isso, muitas delas estão nervosas nestes dias, sem mesmo saber o motivo”.

As escolas também não chegaram a um consenso sobre como abordar o delicado tema. Algumas delas desejam aproveitar o aniversário dos atentados para discutir a tolerância, mas, do outro lado, grupos conservadores querem que o 11 de setembro seja lembrado “sem ambigüidades morais”.

“Chega de discursos sobre multiculturalismo e a perigosa tese da equivalência moral”, diz um manifesto enviado às escolas pela Thomas Fordham Foundation, grupo conservador do qual faz parte a esposa do vice-presidente Dick Cheney, Lynne. A proclamação pede aos professores que falem explicitamente sobre “a grande liderança proporcionada pelo presidente George Bush”.

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