Corrupção atinge mais a população pobre, aponta estudo

As populações mais pobres da África e da Ásia são as mais afetadas pela corrupção nos serviços públicos, muitas vezes sendo obrigadas a pagar propinas para ter proteção policial, educação e justiça, segundo a pesquisa ‘O Barômetro de Corrupção Global 2007’, divulgada nesta quinta-feira (6). O estudo, elaborado pela organização não-governamental (ONG) Transparência Internacional, mostra ainda que a África é o continente que mais sofre com a corrupção.

Nos países africanos pesquisados, 42% das pessoas entrevistadas para a composição da sondagem disseram ter sido induzidas a pagar propinas para obter serviços públicos ao longo dos últimos 12 meses. A região da Ásia-Pacífico vem a seguir, com 22%. Em terceiro lugar aparece o bloco Rússia, Ucrânia e Moldávia, com 21%. A América Latina aparece em quarto, com 13%, seguida por sudeste da Europa (12%), União Européia (5%) e América do Norte (2%).

"As famílias pobres são as mais afetadas pelas cobranças de propina", sentenciou a Transparência Internacional em uma apresentação da sondagem. "O Barômetro de Corrupção Global deste ano deixou claro que, cada vez mais, as pessoas têm de usar seu dinheiro duramente ganho para pagar por serviços que deveriam ser gratuitos", disse Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional, por meio de um comunicado.

A pesquisa da entidade, encomendada ao instituto Gallup, foi elaborada com base em entrevistas feitas com 63.199 em 60 países. Os autores da sondagem constataram que a maioria das pessoas acredita que a corrupção esteja aumentando e considera a política o setor mais suscetível ao flagelo.

Cinqüenta e quatro por cento dos entrevistados disseram acreditar que a corrupção aumentará nos próximos três anos, 26% opinaram que tudo ficará igual e 20% acreditam que ela diminuirá. Pouco menos de 70% disseram que os partidos políticos são as instituições mais corruptas, enquanto o Parlamento é considerado pior por 55% das pessoas. Os departamentos de polícia vêm logo atrás, com 50%. Os números totalizam mais de 100% porque as pessoas podiam dar múltiplas respostas sobre a quem pagaram propinas no último ano.

Com relação aos países e territórios onde os entrevistados disseram ter pago propina nos últimos 12 meses, Camarões aparece em primeiro lugar com 79% de respostas positivas. O país é seguido por Camboja (72%), Albânia (71%) e Kosovo (67%). Macedônia e Paquistão aparecem a seguir, com 44%.

Canadá, Japão, Coréia do Sul, Áustria, França, Islândia, Suécia e Suíça apresentaram índice inferior a 1%. Estados Unidos, Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Holanda, Portugal e Grã-Bretanha ficaram abaixo de 2%. O Brasil não esteve entre os países latino-americanos sondados.

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