Parlamentares do Partido Conservador do Reino Unido, mesma legenda da primeira-ministra Theresa May, apoiaram nesta segunda-feira o lançamento de um plano para o Brexit alternativo ao Livro Branco que traz propostas como a zeragem de tarifas e cotas sobre produtos agrícolas não produzidos em território britânico e insta Londres a assinar acordos comerciais bilaterais paralelamente às negociações com a União Europeia.

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De autoria do think tank Instituto de Assuntos Econômicos (IEA, na sigla em inglês), que se diz apartidário, o chamado “Plano A+” recebeu o endosso do ex-ministro de Relações Exteriores Boris Johnson e do ex-ministro do Brexit David Davis, além de outros Tories, como são conhecidos os integrantes do Partido Conservador. Davis e Johnson compunham o gabinete de May até há poucos meses e o deixaram devido a discordâncias quando à condução da saída do bloco pela premiê.

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“O Livro Branco do governo propõe que o Reino Unido teria regulações substantivamente harmonizadas com a UE, o que, com o arranjo alfandegário que ele delineou, tornaria uma política comercial independente não menos que impossível”, escrevem Shanker Singham e Radomir Tylecote no documento do IEA. “O Reino Unido tem de empreender acordos bilaterais com outros (países) concomitantemente à negociação com a UE”, defendem.

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Mais que isso, os autores do “Plano A+” consideram que Londres deveria “replicar os acordos da UE com países terceiros para cobrir o Reino Unido bilateralmente e focar em grandes parceiros comerciais com que a UE ainda não tem acordos”.

No plano plurilateral, Singham e Tylecote propõem que o Reino Unido procure se juntar a alianças como a Parceria Trans-Pacífico Abrangente e Progressiva (a nova TPP) e o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), cuja reformulação é atualmente negociada por Estados Unidos, México e Canadá.

Já quanto ao impasse em torno da fronteira entre a República da Irlanda, integrante da UE, e a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, os autores defendem uma nova “solução emergencial” para evitar o controle alfandegário físico na divisa.

“O novo backstop contemplaria um acordo básico de livre comércio entre o Reino Unido e a UE para bens e um compromisso pelas partes de empreender todos os investimentos e mecanismos de cooperação necessárias para viabilizar que formalidades comerciais entre a Irlanda do Norte e a Irlanda sejam supervisionadas longe da fronteira”, dizem.

Para o caso de uma saída sem acordo, os pesquisadores do IEA argumentam que Londres poderia optar por não impor controles sobre o comércio de bens na fronteira irlandesa e aplicar zero tarifa sobre alimentos agrícolas e reduzir ou eliminar tarifas sobre outros bens.

“Se a UE se recusar a reconhecer as regulações do Reino Unido no dia 1 do Brexit, o Reino Unido deve estar preparado para tomar ação na OMC (Organização Mundial do Comércio)”, pontuam.