Correa inicia segundo mandato em meio à crise regional

O presidente equatoriano, Rafael Correa, inaugura hoje um novo mandato de quatro anos com a promessa de “radicalizar” seu modelo de “socialismo do século 21”, inspirado no exemplo de seu colega venezuelano Hugo Chávez. Antecedido por três presidentes que não conseguiram concluir seus mandatos, Correa pôs fim a dez anos de deposição, instabilidade, revoltas indígenas e desencanto com a democracia no Equador. Mas, ao mesmo tempo, o presidente – que faz parte do bloco de países bolivarianos – reformou a Carta do país buscando o direito à reeleição, deu um calote na dívida externa e suspendeu contratos com empresas estrangeiras nas áreas de infraestrutura e energia, criando um ambiente de incerteza para novos investimentos.

O mesmo discurso nacionalista de Correa que favoreceu a estabilidade interna do Equador teve o efeito oposto nas relações internacionais. Com uma retórica bolivariana e antiamericana, em apenas três anos ele pregou a extinção da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), expulsou diplomatas americanos de Quito e ameaçou declarar guerra à vizinha Colômbia. Os atritos com o presidente colombiano, Álvaro Uribe, tiveram início em março de 2008, depois de Bogotá ordenar um ataque contra um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano.

No mês passado, Correa foi acusado por Uribe de receber doações financeiras das Farc para sua campanha. Desde então, o líder equatoriano uniu-se com Venezuela e Bolívia numa cruzada aberta contra o uso de bases colombianas por tropas do EUA. “Correa é um líder nacionalista que aposta numa diplomacia presidencialista, personalista e de alta visibilidade”, disse Ramírez. “Esse, certamente, será um dos maiores empecilhos para o sucesso do seu próximo mandato.”

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