Diz o senso comum que somos formados por corpo e espírito e, ainda, que a morte separará um do outro. Entretanto, não consigo imaginar corpo sem espírito e vice-versa.
Dá-se o nome de espírito à nossa parte não corpórea, a qual, penso eu, é composta da universalidade das nossas emoções e sentimentos. Ocorre que essa parte imaterial só existe porque temos um corpo material. Uma coisa está relacionada visceralmente com a outra porque somente nos reconhecemos (e aos outros) através do nosso corpo. Assim, quando amamos alguém, amamos fisicamente esta pessoa e não apenas o que ela representa emocionalmente para nós. O mesmo se dá em relação a todas as demais emoções, onde as sensações do corpo e do espírito estão sempre juntas, completando-se mutuamente.
Por essa razão, não temos como nos reconhecer (e nem aos outros) apenas espiritualmente, já que nossa memória emocional está impregnada de sensações visuais, auditivas e táteis. Veja-se o exemplo de Cristo que, segundo consta, teria ressuscitado em corpo e em espírito, ou seja, por completo. Deste modo, seus discípulos tiveram a certeza da sua presença, pois puderam não apenas vê-lo, mas também ouvi-lo e, até mesmo, tocá-lo fisicamente.
Djalma Filho é advogado
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