Rio de Janeiro – Artistas, cantores e cerca de 20 atletas que receberam medalhas nos Jogos Pan-Americanos do Rio participaram nesta sexta-feira (10) do lançamento de uma campanha publicitária do Ministério da Saúde para conscientizar a sociedade sobre os riscos do consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
A campanha, composta três propagandas que vão enfocar o uso cada vez maior de álcool entre adolescentes e a relação direta entre bebidas alcoólicas, violência e acidentes de trânsito, começa a ser veiculada amanhã (11) em emissoras de televisão de todo o país.
A atleta Gláucia Heier, de 21 anos, medalha de bronze no nado sincronizado no Pan 2007, lamentou o envolvimento de jovens, cada vez mais cedo, com a bebida e destacou o esporte como um vínculo capaz de contribuir para que eles não se deixem influenciar pelos apelos da sociedade.
?Eu aprendi dentro de casa, na família, a ficar longe da bebida e a ir cada vez mais para o lado do esporte, para ser bem sucedida na vida?, disse Gláucia, que falou pelos demais atletas presentes ao lançamento da campanha. ?O que essa campanha está mostrando é que não é só aquela propaganda colorida, com tudo lindo, quando na verdade, no dia seguinte [ao uso excessivo de álcool], a pessoa não lembra de nada, talvez nem da diversão que viveu. Então, a gente tem que olhar a realidade, e não a ilusão que o álcool traz?.
O metalúrgico Dil Silva, de 57 anos, morador de Realengo, zona oeste do Rio, é um exemplo dos prejuízos que o consumo excessivo de álcool pode trazer, levando a situações graves de dependência. Silva conta que tomou o primeiro ?pileque? aos 12 anos, porque não conseguiu estudar em um seminário. Daí para a frente, passou a beber em várias situações e a ter um cotidiano tumultuado.
?Eu fui cada vez tomando mais. Eu bebia porque meu time perdia; bebia porque meu time ganhava; bebia porque era aniversário. Vivia uma falsa felicidade, uma ilusão. E a minha família sofreu muito com isso, porque eu saía de casa na quinta-feira e só voltava no domingo, sem ninguém saber onde eu estava.Passava a noite na farra e depois dormia no trabalho. Eu ficava na mão de agiotas, porque pegava dinheiro emprestado pagando 20% de juros ao mês para beber?.
Aos 38 anos, casado, depois de ter parado de estudar na quarta série do ensino fundamental e de ter enfrentado por mais de duas décadas uma série de problemas familiares, ele só decidiu parar de beber, diante da revolta de uma das filhas, que se considerava órfã.
Hoje, Dil Silva é voluntário na entidade Alcoólicos Anônimos, onde encontrou apoio para se livrar da dependência da bebida. Ele se considera feliz, mas recorda com pesar o tempo e as oportunidades perdidas, além do sofrimento causado à família.
?Quase destrui meu casamento; perdi uma carreira militar porque servi ao Exército – fiquei três anos e tive que sair para não ser punido. Dois anos depois de parar de beber, tive um infarto; tive que operar a vesícula, tudo isso causado pelo álcool. Na parte material, eu poderia estar muito bem de vida, e não vivendo somente com a aposentadoria?, lamentou Silva.
