A pobreza na Argentina atingiu 12,7 milhões de pessoas (31,8% da população) e a indigência afetou 4,7 milhões (11,7% da população) no primeiro semestre de 2009, segundo levantamento realizado pela consultoria Ecolatina. A pesquisa sobre o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da consultoria mostra que a cesta básica de alimentos subiu 11,3% em junho e acumula alta de 5,1% em 2009. O índice da cesta básica é usado para medir a linha de indigência. Segundo a pesquisa, mais de dois terços da alta da cesta foram provocados pelos aumentos de preços em produtos como batata inglesa, carne e leite.

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Um adulto na Argentina precisou de 261,7 pesos (R$ 131,47) em junho para comprar os produtos básicos da cesta. Para uma “família padrão”, composta por pai, mãe e dois filhos, a cesta básica custou 809 pesos (R$ 406,44). Por outro lado, a cesta básica total, usada para medir o número de pobres, chegou a 539,6 pesos (R$ 271,19) para um adulto e a 1.667,3 pesos (R$ 837,96) para uma “família padrão”.

“Apesar das cifras oficiais, há dois anos a pobreza e a indigência aumentam na Argentina”, afirma a consultoria. Para o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a pobreza atinge 15% da população, ou seja, a metade do índice medido pela Ecolatina. A consultoria afirma que a aceleração dos preços explica o aumento da pobreza e da indigência, mas a situação piorou com o contexto mundial de crise financeira, que provocou problemas de emprego. Em um contexto de recessão e de inflação alta, a consultoria afirma que “é preocupante” um aumento dos preços das cestas básicas.

Para os analistas do mercado local, a economia argentina entrou em recessão no primeiro trimestre de 2009, após uma desaceleração iniciada em agosto de 2008. Para o governo da presidente Cristina Kirchner, a economia argentina só parou de crescer em maio passado. De acordo com o Indec, em maio o “Emae” (estimativa mensal de evolução da atividade econômica), indicador que funciona como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teria atingido o nível zero. Eliminando os efeitos sazonais, a economia argentina teria crescido 0,1% em relação a abril. Para o Indec, a indústria acumula um crescimento de 1,4% de janeiro a maio de 2009.

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Como os números do Indec já não refletem a realidade do país desde janeiro de 2007, a partir de quando os analistas afirmam que o governo iniciou um processo de intervenção nos cálculos das estatísticas, as entidades de classe e as consultorias elaboram suas próprias estimativas. Na primeira semana de julho, um relatório da União Industrial Argentina (UIA) mostrou que a atividade industrial no país em maio sofreu uma queda de 10,9% e, nos primeiros cinco meses do ano, a retração foi de 10%. Para as consultorias de Orlando Ferreres & Associados, Ecolatina, Negócios & Regiões, as projeções para a atividade industrial indicam que a queda acumulada em 2009 varia de 7% a 9%.