O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pode enfrentar problemas quando tentar a reeleição no ano que vem. Após a vitória nas eleições parlamentares de sexta-feira (14), alguns conservadores, divididos em relação a Ahmadinejad, têm mostrado descontentamento com o líder iraniano. Os reformistas também conseguiram manter certa presença, ainda que muitos de seus candidatos tenham sido impedidos de concorrer.
Seus oponentes conservadores formaram um bloco importante que deve entrar em conflito com o presidente no próximo ano. "Se o governo mantiver as políticas que têm causado controvérsia, a maioria do Parlamento será contra ele", disse Amil Ali Amiri, porta-voz da facção conservadora que rompeu com o presidente linha-dura. Amiri disse ainda que a coalizão pode designar candidato próprio à presidência, mas disse que "devemos esperar" até a situação política se tornar mais clara, de acordo com a agência semi-oficial de notícias Isna.
Dois homens são vistos como possíveis adversários de Ahmadinejad: o prefeito de Teerã, Mohammad Baqer Qalibaf, e o ex-negociador nuclear Ali Larijani, que obteve uma cadeira no Parlamento nesta eleição. Além do mais, a facção conservadora que rompeu com Ahmadinejad vai tentar eleger Larijani como o presidente do Parlamento, posto ocupado atualmente por um aliado do líder iraniano.
O presidente tem uma vantagem importante: apoio sem precedentes do supremo líder do Irã. Uma questão fundamental é se a chancela do aiatolá Ali Khamenei durará até a eleição presidencial, prevista para meados de 2009. Ainda assim, Khamenei tem dado declarações de apoio ao atual presidente, apesar das críticas do campo conservador. O líder supremo, como chefe da liderança clerical iraniana, tem a lealdade de todos os conservadores e a palavra final sobre todos os temas de Estado.
Segundo a apuração eleitoral, 132 das 290 cadeiras do Parlamento ficaram com os conservadores. Noventa ficaram com a lista dominada pelos linhas-duras pró-Ahmadinejad, e o resto para a coalizão conservadora que rompeu com o presidente, de acordo com resultados anunciados pela televisão estatal e pela agência de notícias oficial Irna. Os reformistas obtiveram 31 cadeiras. Trinta e nove vencedores foram independentes. Mais de 70 assentos serão decididos em nova votação, em abril ou maio.