Passado mais de um ano dos protestos da oposição que sacudiram o Irã, os conservadores tentam eliminar o movimento reformista do cenário político, ao exigir que seus candidatos sejam proscritos das eleições parlamentares do próximo ano. Os conservadores da linha-dura voltaram a acusar os que criticaram a eleição presidencial, dizendo que são traidores que se aliaram aos inimigos estrangeiros do país para derrubar o clero.
“Basicamente, não existe a necessidade que essa gente participe das eleições”, disse o aiatolá Ahmad Jannati a vários jornais estatais. “Eles tiveram sonhos que não se transformarão em realidade. As autoridades e o povo não confiam neles para nada”, afirmou o clérigo conservador.
Jannati chefia o Conselho dos Guardiães, um poderoso painel de supervisão constitucional que aprova ou rejeita os candidatos. Suas declarações são um sinal forte de que esse corpo desqualificará os reformistas que se apresentarem às eleições parlamentares que deverão ocorrer em fevereiro de 2012.
Nas eleições legislativas de 2008, o Conselho desqualificou as candidaturas de milhares de reformistas. Mas os opositores também parecem dispostos a boicotar as eleições se não existirem garantias de que elas serão justas. O ex-presidente Mohamed Khatami disse que os grupos reformistas também exigem a libertação dos presos políticos e o respeito aos direitos constitucionais da população.
A tensão entre reformistas e conservadores levou a sérios choques nas ruas após a oposição denunciar fraudes nas eleições presidenciais de junho de 2009. A oposição assegura que o verdadeiro vencedor foi o líder reformista Mir Hossein Mousavi. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, declarado vencedor oficial pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, é considerado um usurpador pela oposição. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, na onda mais grave de protestos que o regime teocrático islâmico sofreu desde que chegou ao poder em 1979. As informações são da Associated Press.