A campanha para o segundo turno das eleições chilenas começou ontem em clima de euforia, para uns, e guerra, para outros. Triunfalista, o candidato da direita, o bilionário Sebastian Piñera – que obteve 44,03% dos votos na eleição de domingo -, convocou a imprensa internacional para uma entrevista e falou com desenvoltura por quase uma hora sobre como seria a política externa de seu governo. Ele elogiou Lula e prometeu apoiar as ambições do Brasil a uma vaga no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “Na campanha não faremos mudanças porque não precisamos. Quem faz a reestruturação é quem perde”, disse Piñera.

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O recado tinha endereço certo: o candidato da coalizão governista Concertação, Eduardo Frei, que chegou em segundo lugar, com 29,06%. Frei reformulou sua equipe, incorporou mais funcionários do bem-sucedido governo da presidente Michelle Bachelet (que tem 85% de aprovação) e lançou seu primeiro grande ataque denunciando a “confusão entre negócios e política” de Piñera, um de seus pontos fracos, segundo analistas.

“No dia 17 de janeiro (segundo turno), os chilenos decidirão entre o caminho das oportunidades e da justiça social de Bachelet e o rumo incerto do poder do dinheiro e dos negócios mal relacionados com a política”, disse Carolina Tohá, ex-porta-voz da Presidência, ao ser designada por Frei sua nova chefe de campanha. “Até hoje Piñera não vendeu uma só ação (da companhia aérea LAN)”, emendou, referindo-se às promessas do direitista de se desfazer, se eleito, de sua participação na empresa. Em 2007, Piñera foi multado em US$ 680 mil por usar informação privilegiada para comprar ações da LAN.

O candidato governista tem um desafio intrincado pela frente – precisa tirar a diferença de 14 pontos porcentuais de Piñera, sob o risco de perder os 20 anos de hegemonia da coalizão centro-esquerdista governista.

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Na nova etapa da votação, Frei já tem praticamente garantidos os 6,21% dos votos do comunista Jorge Arrate. O difícil será conquistar os eleitores do independente Marco Enríquez-Ominami, que ficou em terceiro, com 20,12%. Ominami já se recusou a apoiar um dos dois candidatos e ao longo da campanha seu discurso crítico à Concertação foi o que atraiu boa parte do eleitorado, cansada do velho estilo da coalizão governista.

Lula

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Ao falar sobre as relações com o Brasil, Piñera elogiou Lula – “ele é um modelo de liderança” -, prometeu apoiar vaga do País no CS da ONU e prometeu impulsionar os projetos de cooperação econômica, entre eles o de uma estrada interoceânica. E ironizou os novos ataques da campanha de Frei: “Eles estão me ajudando, porque os chilenos querem uma campanha com propostas, que olhe para o futuro, e não desqualificações.”