O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu ontem uma declaração comum de seus 15 integrantes condenando o uso da violência pelo regime de Muamar Kadafi contra a oposição e exigindo uma solução negociada para a crise na Líbia. O texto de consenso expressa “grave preocupação” e pede o “fim imediato da violência”. A Líbia é conclamada ainda a “cumprir a obrigação de proteger sua população”.
A iniciativa teve o copatrocínio do Brasil, no que seria o primeiro sinal de que o governo da presidente Dilma Rousseff está de fato disposto a abertamente condenar ditaduras acusadas de graves violações dos direitos humanos.
O jornal O Estado de S. Paulo obteve informações de que o caos na Líbia levou a uma queda de braço nos bastidores da ONU. Em nome de quase toda a União Europeia, a Grã-Bretanha apresentou um pedido para que as Nações Unidas convoquem uma reunião especial do Conselho de Direitos Humanos, na qual uma proposta de investigação dos abusos seria colocada em votação. O debate deverá ocorrer na sexta-feira. O governo italiano de Silvio Berlusconi, amigo pessoal do ditador Muamar Kadafi, não decidiu se vai apoiar o pedido.
Mas foram dos governos árabes, africanos, Cuba e Venezuela que veio a maior resistência. Eles não aceitam o estabelecimento da investigação nem mesmo de uma reunião especial do Conselho de Direitos Humanos sobre o assunto. Assim, a proposta de convocação da reunião não foi assinada nem por Bahrein, Arábia Saudita, Líbia e Paquistão. A Jordânia foi a única da região a aceitar a reunião.
A diplomacia brasileira apoiou a iniciativa dos britânicos, confirmando uma mudança importante em relação à posição do governo Luiz Inácio Lula da Silva no tratamento de direitos humanos na esfera internacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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