Para quem gosta de animais, está de férias ou mesmo tem um fim de semana de folga e um dinheiro sobrando pra passear, a dica é visitar o zoológico do Parque Beto Carrero World, no balneário de Penha, em Santa Catarina, a 198 quilômetros de Curitiba. Com cerca de oitocentos animais de 171 espécies diferentes, o local diverte e ao mesmo tempo fornece informações interessantes sobre o reino animal tanto aos adultos quanto às crianças.
?O zoológico do parque é o único de Santa Catarina a abrigar espécies silvestres e exóticas de grande porte. Os animais são mantidos em áreas temáticas e que ao mesmo tempo imitam seus habitats naturais. Isto contribui para que os bichos se sintam mais à vontade, encontrem o bem-estar e, assim, mostrem disposição para se reproduzir. Desta forma, o zôo visa não só o lazer, mas também a preservação das espécies?, comenta a bióloga do Beto Carrero, Susane Reinert.
Durante o ano de 2005, nasceram no zôo cerca de trinta indivíduos de espécies exóticas (em todo parque, também nasceram cerca de cem animais domésticos). No local, costumam se reproduzir muito bem as zebras, os babuínos (são verificados dois ou três nascimentos anuais), os cervos, entre outros. ?Comemoramos bastante principalmente o nascimento de espécies ameaçadas de extinção. Esperamos com ansiedade a reprodução de chimpanzés e das onças pintadas, que até agora não foi verificado.?
Para evitar cruzamentos entre familiares, o parque promove intercâmbio de animais com outros zoológicos espalhados pelo País. Porém, todos os bichos mantidos no lugar recebem tratamento vip, a começar pela alimentação. Segundo Susane, a dieta de todos os moradores é balanceada, composta de rações especiais, capazes de suprir determinadas carências de nutrientes, e outros alimentos, como frutas, vegetais e carnes, que contribuem para que o animal não tenha uma alimentação muito diferenciada da que teria se estivesse solto na natureza.
?A alimentação feita de acordo com as necessidades de cada espécie contribui para que os animais, mesmo estando em cativeiro, não percam suas características físicas e de sentidos. Para preservar o instinto, por exemplo, procuramos esconder a comida dentro dos recintos ou, muitas vezes, pendurá-la em locais altos para que eles tenham que ir pegá-la. Desta forma, os bichos precisam farejar a comida e ir buscá-la?, explica a bióloga.
Além de alimentar, geralmente a comida também serve para entreter os animais e evitar que eles sofram de estresse. Quando um determinado bicho tem que ir buscar o alimento, além de estar tentando acabar com a própria fome, ele está mantendo uma atividade que o mantém ocupado e o tira da ociosidade. Os ursos marrons americanos são um grande exemplo disso. Periodicamente, os funcionários do zoológico preparam uma mistura de sorvete de frutas e a colocam dentro da piscina presente no ambiente onde eles são mantidos. Quando isso acontece, os animais são flagrados realizando brincadeiras com a comida.
A freqüência com que a alimentação é fornecida varia de bicho para bicho. Alguns recebem alimentos diariamente. Outros, como os felinos, que possuem digestão mais lenta, comem um dia sim e um dia não. Já as cobras (mantidas num serpentário), comem de quinze em quinze dias no inverno e uma vez por mês no verão.
Zebra: atração e rebeldia em preto e branco
Alguns animais costumam ser os preferidos da criançada e também podem ser vistos dentro do zoológico do parque. Um deles é a girafa, cujo nome científico é Giraffa camelo-pardalis.
?O animal recebeu este nome científico porque, no passado, as pessoas achavam que ele era proveniente de um cruzamento entre camelos e leopardos?, informa a bióloga Susane. ?Ela vive entre 25 e 28 anos e chega a pesar 1.500 quilos.?
A girafa geralmente chama a atenção pelo tamanho de suas pernas, pescoço e língua, com a qual consegue alcançar as orelhas. Apesar de bastante alta, é considerada graciosa e elegante. No zôo, se alimenta de cebola, espinafre, cenoura, alfafa e ração especial.
Com listras brancas e pretas, as zebras (Equus burchelli antiquorum) também são atrativos. Todas as atuais moradoras (dois machos e duas fêmeas) do parque nasceram no local, podendo viver entre 25 e 35 anos. De acordo com Susane, elas são, em qualquer zoológico, os animais de mais difícil manejo.
?Elas são os bichos mais difíceis de lidar por serem extremamente estressadas. Se apavoram diante de qualquer coisa que lhes seja estranha e, devido a isso, podem até morrer de ataque cardíaco. Não podem ser anestesiadas nem laçadas?. Quem visita o zôo nesta época do ano pode observar a troca de pelagem dos camelos, que impressionam pelas duas corcovas que possuem nas costas. Estes animais atingem 2,10 metros e pesam entre 450 e 700 kg. São originários da África, estepes da Ásia Central, deserto de Gobi, Turquestão chinês e Mongólia. ?No habitat natural vivem de 17 a 50 anos e em circos e jardins zoológicos vivem menos de 30 anos.? (CV)
Condor, o pássaro carnívoro
Entre os pássaros, o mais raro do zõo é o condor (Vultur gryphus), um pássaro andino que é carnívoro. No parque, ele costuma receber tanto um mix de carnes quanto ratinhos brancos vivos, o que impede que ele perca o hábito de caçar.
Originário do oeste da América do Sul, ele pesa, em média, trinta quilos e vive cerca de quarenta anos. Ameaçado de extinção, possui a cabeça rosada, penas brancas e pretas e um penacho branco ao redor do pescoço, que lembra uma estola feminina. Quando abre as asas, possui um metro e meio de envergadura. Suas garras extremamente fortes fazem com que os tratadores tenham que tomar cuidados especiais no momento do manuseio.
Em área próxima à do condor, o público também gosta de apreciar as diferenças entre as avestruzes (Struthio camelus) e as emas (Rhea americana). As primeiras são as maiores aves do mundo, tendo origem africana. Pesam entre 110 e 160 quilos, alcançam 2,4 metros de altura e chegam a viver sessenta anos. Sentindo-se ameaçadas, costumam correr, chegando a atingir 65 km/h.
Já as segundas são consideradas as maiores aves brasileiras, com ocorrência nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Pesam até 36 quilos e atingem dois metros de altura, se alimentando de folhas, frutos e insetos. Tanto as emas quanto as avestruzes são pássaros não voadores. (CV)
Parque também tem serpentário
Também na área do zoológico, pode ser visitado o serpentário, um espaço onde diversas serpentes são alojadas em recintos construídos de acordo com normas estabelecidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Uma das cobras que mais chamam a atenção é a surucucu do Pantanal (Hydrodynastes gigas), que chega a medir 2,5 metros e não é peçonhenta. Em cativeiro, ela é alimentada com camundongos, os quais mata por estrangulamento.
Entre os animais peçonhentos, destacam-se a caicaca jararacão (Bothrops moojeni), considerada de difícil manejo por ser bastante rápida e ágil, e a jararacuçu (Bothrops jararacussu), que vive em regiões de mata úmida e mede 1,5 metro.
Até o fim deste ano, a expectativa é que o serpentário também passe a abrigar aracnídeos, répteis e escorpiões. (CV)
Os felinos são as estrelas do Beto Carrero World
Como todo zoológico, o do Beto Carrero também tem suas estrelas. São animais que se destacam e chamam a atenção pela beleza física, comportamento, raridade ou excentricidade. Exemplo disso tudo é o tigre-de-bengala branco (Panthera tigris tigris) macho, que vive na área onde são mantidos os felinos.
Com pelagem branca, o animal costuma ser encontrado no leste da Índia, Malásia e países adjacentes. Como todo tigre, tem hábitos noturnos, podendo ser visto bem acordado pelos freqüentadores do parque a partir do finalzinho da tarde até o amanhecer.
?O zôo do Beto Carrero é o único do Brasil a manter o tigre-de-bengala branco, que foi trazido dos Estados Unidos. O animal tem um microchip inserido sob sua pele onde são catalogadas diversas informações, como características, idade e procedência?, explica a bióloga Susane.
O tigre branco come entre sete e oito quilos de carne vermelha e branca, um dia sim e um dia não. Como todo felino, adora água. Por isso, em seu recinto é mantida uma cascata artificial com piscina. Quem trabalha no zoológico afirma que freqüentemente ele é visto, no período da noite, brincando de bater as patas na água ou entrando com o corpo todo dentro da piscina.
Outros felinos que costumam encantar os visitantes são os leões africanos. Crianças e adultos costumam ficar impressionados principalmente com os machos, que são portadores de uma espessa juba, normalmente utilizada para atrair e conquistar as fêmeas. Como o tigre branco, eles são alimentados com carnes vermelhas e brancas. (CV)