O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não conseguiu que o Congresso americano renovasse a Autorização para Promoção Comercial (TPA, sigla em inglês), que vencia na sexta. Esse é um mecanismo que dá autonomia à Casa Branca para fechar acordos comerciais, como a Rodada Doha, sem que eles sejam depois alterados por emendas parlamentares. A TPA é peça-chave na política comercial dos EUA. Sem esse instrumento, Bush fica sem autoridade para firmar acordos comerciais bilaterais
Apesar dos apelos de Bush, o Congresso não se comoveu. Os principais líderes democratas da Câmara de Representantes, entre eles a presidente da entidade, Nancy Pelosi, afirmaram em comunicado que a prorrogação da TPA não estava entre as prioridades. "Antes que o debate possa sequer começar, devemos expandir os benefícios da globalização a todos os americanos", afirmaram os congressistas democratas.
Eles pedem maiores proteções para as empresas e trabalhadores americanos, assim como medidas corretivas ante o déficit comercial dos Estados Unidos com a China. A representante americana de comércio, Susan Schwab, afirmou que a renovação da TPA permite que os Estados Unidos permaneçam na mesa de negociações para o bem continuado do povo americano. A Associação Americana da Indústria (NAN) também saiu a favor da prorrogação do mecanismo. "Não renovar a TPA fecha a porta para todo acordo comercial futuro e joga fora a chave", disse o presidente da entidade, John Engler. "O Congresso deve imediatamente prorrogar o mandato atual para beneficiar o ciclo de negociações de Doha.
A não renovação do mecanismo resultará em mais atrasos nas negociações da Rodada Doha – a mais abrangente tentativa de liberalização do comércio mundial, lançada há seis anos. Para especialistas, sem a TPA, o acordo deve permanecer em banho-maria por mais um ano e meio, até a posse do novo presidente dos Estados Unidos, em 2009. Em agosto, o Congresso entra em recesso e, a partir de setembro, está aberta oficialmente a campanha eleitoral dos EUA para 2008. Dificilmente o Executivo conseguirá avançar com uma agenda comercial neste final de mandato de Bush.