O Congresso dos Estados Unidos pode cortar quase US$ 1,3 bilhão em ajuda anual ao Paquistão se for descoberto que o governo de Islamabad sabia onde Osama bin Laden estava escondido, afirmou hoje a presidente do Comitê de Inteligência do Senado, Dianne Feinstein. A democrata disse que quer receber mais detalhes do diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), Leon Panetta, e de outras autoridades a respeito da atuação do governo paquistanês no caso.
O segundo líder democrata mais importante na Câmara, o deputado Steny Hoyer, disse que se o Paquistão não dirimir as dúvidas sobre sua dedicação na luta contra os terroristas, o Congresso deve analisar a possibilidade de reduzir a ajuda norte-americana ao país. “Eu não sei se isso será eficiente ou contraproducente, teremos de analisar”, disse.
Os legisladores pressionam o Paquistão para que responda a duas simples questões: o que o Exército e os agentes de inteligência sabiam sobre o paradeiro de Bin Laden e quando eles souberam onde ele estava.
O líder da Al-Qaeda, que esteve por trás dos ataques de 11 de setembro, viveu e morreu num enorme complexo fortificado construído em 2005, localizado na periferia de Abbottabad, distante cerca de 50 quilômetros da capital do Paquistão, Islamabad. Bin Laden residia a menos de um quilômetro da Academia Militar de Cabul e nas proximidades de vários regimentos do Exército.
“Eu acho que isso nos diz, mais uma vez, infelizmente, que o Paquistão às vezes faz jogo duplo”, disse a senadora republicana Susan Collins, membro do Comitê de Serviços Armados do Senado, que indicou que o Congresso pode limitar os recursos enviados para o Paquistão.
Mas outro integrante republicano do comitê desconsiderou a ideia. “Eu entendo a frustração daqueles que querem cortar a ajuda ao Paquistão”, disse o senador Lindsey Graham. “Mas no final das contas, se quisermos criar um Estado falido no Paquistão, uma das melhores coisas a fazer é cortar as relações. Não é de nosso interesse permitir que esse evento destrua uma parceria que, embora difícil, é uma parceria”.
A morte de Bin Laden e as desconfianças sobre a disposição do Paquistão em combater o terrorismo ocorre no momento em que a relação entre Estados Unidos e os paquistaneses parece ainda mais frágil. O assassinato de dois paquistaneses por Raymond Davis, prestador de serviços da CIA, e ataques com aviões não tripulados em território paquistanês prejudicaram ainda mais as relações entre os dois países nos últimos meses. As informações são da Associated Press.
