O Congresso de Honduras condecorou na noite de ontem o presidente de facto do país, Roberto Micheletti, com o título de “deputado vitalício”, por ter sido eleito sete vezes para o Legislativo, desde 1981. Micheletti chegou ao poder na esteira do golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, em junho do ano passado. O título é apenas uma condecoração, sem resultado prático. O Congresso o apontou como um “grande homem e grande cidadão de Honduras”.

continua após a publicidade

Em uma cerimônia especial, o presidente do Legislativo, José Saavedra, disse que Micheletti “tem se destacado por sua inspiração democrática, liderança natural e respeito à constituição das leis”. Segundo Saavedra, “sob sua liderança se manteve a paz no país”.

Em seu discurso, Micheletti declarou que “foi triste e doloroso suportar governos e personagens que seguem me acusando, mas fiz o certo, o legal e o legítimo (…) e o povo sempre me acompanhou”. Micheletti disse ainda que, por fim, “se impôs o bom senso e a razão (…) e já está havendo a reincorporação de Honduras no consórcio das nações”.

A declaração foi uma aparente alusão ao fato de que a Organização dos Estados Americanos (OEA) retirou Honduras de seus quadros após o golpe militar de 28 de junho de 2009. Nessa data, o Congresso designou Micheletti como substituto. Zelaya voltou ao país e desde 21 de setembro está abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

continua após a publicidade

Militares

Os seis generais da junta de comandantes das Forças Armadas estão dispostos a comparecer voluntariamente nos tribunais, segundo o advogado dos oficiais, Juan Carlos Sánchez. Eles foram indiciados pelo Ministério Público por delitos como abuso de autoridade e expatriação ilegal – este crime com pena prevista de 3 a 6 anos de prisão -, por retirar Zelaya do país após o golpe. “Contamos com evidências suficientes para demonstrar a inocência de nossos clientes”, disse o advogado.

continua após a publicidade

Os acusados são o chefe do Estado-Maior Conjunto, Romeo Vásquez, e os comandantes Luis Prince, da Força Aérea, Miguel Angel García, do Exército, e Juan Pablo Rodríguez, da Aeronáutica. Também foram arrolados os comandantes Venancio Cervantes, subchefe do Estado-Maior, e Carlos Antonio Cuéllar, inspetor das Forças Armadas. Zelaya qualificou recentemente o processo contra os militares como uma farsa. O Ministério Público rebateu as críticas.

O governo de facto afirma que os militares acataram a ordem de captura contra Zelaya, emitida pela Suprema Corte. O então presidente tentava convocar uma Assembleia Constituinte a fim de reformar a Carta do país e poder concorrer à reeleição.