Confrontos entre forças pró-governo e aliados do Hezbollah deixaram nesta quarta-feira (9) quatro mortos no norte do Líbano. Mais de 50 pessoas ficaram feridas, no incidente que mostra a fragilidade de um cessar-fogo realizado há apenas duas semanas. Entre os feridos estão cinco soldados libaneses. Segundo funcionários locais, os confrontos começaram durante a noite, quando três granadas de mão explodiram em uma rua que separa bairros rivais em Trípoli, segunda maior cidade libanesa.
Houve tiros de metralhadora e foram lançadas granadas arremessadas por foguetes durante horas nas duas regiões. Um dos bairros é de maioria muçulmana xiita e reúne sobretudo partidários do governo, enquanto o outro concentra alauitas, uma pequena ramificação do islamismo xiita, aliada da Síria e da oposição libanesa. Funcionários de segurança relataram os confrontos e as mortes sob condição de anonimato, pois não estavam autorizados a falar com a imprensa.
Nove pessoas foram mortas e 44 ficaram feridas nas mesmas áreas antes do envio de tropas do governo, no mês passado. Os novos confrontos ocorrem enquanto o primeiro-ministro Fuad Siniora, apoiado pelo Ocidente, luta para formar um governo de unidade nacional. O Hezbollah terá poder de veto sobre todas as decisões governamentais. O grupo conseguiu o privilégio em maio, como parte de um acordo que encerrou um impasse político que ameaçava levar o país à guerra civil.
Antes do pacto, mais de 80 pessoas morreram e cerca de 200 ficaram feridas em todo o Líbano, após militantes e aliados do Hezbollah tomarem ruas na capital Beirute e confrontarem partidários do governo. A tensão ainda é forte em Trípoli, a 80 quilômetros ao norte de Beirute, apesar da constante presença da polícia e do Exército desde um cessar-fogo local em 23 de junho. Cerca de 20 casas foram incendiadas no último mês, em aparentes atos de vingança.