Na quinta-feira (11), o dia mais violento da recente onda de protestos na Bolívia, pelo menos 8 partidários do presidente Evo Morales morreram e 34 ficaram feridos num confronto com opositores no Departamento (Estado) de Pando, no norte do país. O choque ocorreu quando os governistas, quase todos camponeses, tentaram romper um bloqueio de estrada promovido por partidários do governador do departamento, Leopoldo Fernández, feroz opositor de Evo.
“Estamos falando de um verdadeiro massacre que tem como responsável o governador de Pando”, declarou o vice-ministro de Coordenação de Movimentos Sociais, Sacha Llorenti, ao confirmar a cifra de mortos. Segundo Llorenti, outros 30 camponeses foram levados pelos opositores a Cobija, capital departamental, e feitos “reféns” na sede do Comitê Cívico de Pando. Horas antes, Evo afirmou que seu governo defenderá a democracia sem responder à violência, mas advertiu que “paciência tem limites”.
O aumento na violência ocorreu no mesmo dia em que a Bolívia suspendeu por mais de seis horas o envio de 50% das exportações de gás natural para o Brasil. A distribuição foi retomada após a empresa Transierra – responsável pelo gasoduto que transporta a maior parte do produto para o País – trocar uma válvula que havia sido fechada por grupos opositores. Por causa dos protestos, a distribuição de gás para a Argentina também foi prejudicada. A oposição também tentou sabotar o envio de gás para a região do Altiplano, incluindo La Paz. Mas, até a noite de quinta, nenhuma fonte independente podia confirmar se a tentativa tinha sido bem-sucedida.
Fontes da oposição, no entanto, atribuíram as mortes em Pando a partidários do governo de Evo. “Estamos sendo massacrados porque a selva amazônica se converteu em um santuário de guerrilheiros” afirmou Ruddy Atiare, diretor nacional dos seringueiros de Pando, que faz oposição ao governo central. Num ato público em La Paz, Evo acusou os opositores de promoverem o “terrorismo” e de buscarem “uma resposta radical” por parte de La Paz.
O presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, Blanco Marinkovic, afirmou que a oposição deve decidir nos próximos dias o que fará a respeito dos mais de dez prédios ocupados na cidade. Ele, porém, acusou o governo de infiltrar militares entre os grupos de opositores para provocar violência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.