Um funcionário do Ministério da Saúde do Egito informou que 25 pessoas foram mortas durante confrontos entre forças de segurança e manifestantes anti-governamentais em todo o país neste sábado (25), quando egípcios celebravam o terceiro aniversário do levante que derrubou o líder Hosni Mubarak e deu início à Primavera Árabe.
Khaled el-Khateeb disse que a maioria das mortes foram registradas na capital, Cairo. Violentos confrontos foram observados entre manifestantes e forças de segurança, no leste do Cairo. Foram pelo menos três mortos em Alexandria e no sul da província de Minya. O ministério do Interior informou que 237 pessoas foram presas durante os protestos.
Em grandes comícios, os manifestantes militares comemoravam o aniversário da revolta pedindo que o chefe do exército concorresse à presidência. Ao mesmo tempo, as forças de segurança reprimiram manifestações rivais de partidários islâmicos do presidente deposto e de ativistas seculares que criticam ambos os lados.
As cenas diametralmente opostas refletiam os três anos de turbulência que separaram egípcios em campos polarizados desde o levante que começou em 25 de janeiro de 2011, expulsando o líder autocrático Hosni Mubarak, seguido das fortes manifestações do último verão contra sucessor eleito de Mubarak, o islâmico Mohammed Mursi, o que levou ao golpe de removê-lo.
As mortes aconteceram em meio ao forte esquema de segurança montado para o dia de comemorações, tendo em vista a ameaça de revoltas de rua e recentes ataques terroristas, que na sexta-feira (24)deixaram 18 mortos em todo país.
No centro do Cairo, helicópteros circulavam o espaço aéreo, enquanto equipes de segurança revistavam os manifestantes, que enchiam o icônico cenário dos protestos do centro do Cairo, a Praça Tahir.
Ali, manifestantes pró-militares aproveitaram os comícios para mostrar seu apoio ao chefe do Exército, general Abdel Fattah-el-Sissi, homem que derrubou Morsi e que muitos querem quer agora que concorra à presidência, nas eleições esperadas para meados do ano.
As manifestações mostraram um tom anti-islâmico, traduzido em fúria contra quem fosse considerado como um crítico ao líder pós-golpe. Na praça, uma multidão foi vista batendo em uma mulher que vestia um lenço ‘conservador’, acreditando que ela era simpatizante da Irmandade Muçulmana, e a expulsaram do local.
A polícia também usou gás lacrimogêneo para dispersar um pequeno grupo de ativistas seculares no bairro de Mohandessin, batendo em chutando em pelo menos um deles, disseram diversos participantes. “Os únicos permitidos são revolucionários el-Sissi”, disse um dos ativistas, o blogger Wael Khalil. “Este deveria ser um dia para celebrar a revolução… Eu não entendo. Eles pensam que haverá democracia desta forma?” Fonte: Associated Press e Dow Jones