Soldados somalis abriram fogo hoje contra uma manifestação pela paz realizada em Mogadiscio, o que deu início a uma troca de tiros com outras forças do governo e resultou na morte de quatro pessoas e deixou 11 feridas. Funcionários do governo e testemunhas disseram que a manifestação, que reuniu centenas de pessoas e foi organizada pelas autoridades locais, foi interrompida quando soldados tentaram dispersar a multidão com disparos, provocando a reação do grupo que fazia a segurança dos manifestantes.

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“Os manifestantes haviam caminhado pacificamente até um quarteirão antes do palácio presidencial quando membros do Exército abriram fogo para dispersar a multidão”, disse à agência France Presse Mohamed Abshir, integrante das forças de segurança somalis. A manifestação, que foi organizada por membros da administração local, dentre eles a prefeitura da capital, tinha como objetivo apoiar os esforços de paz e o governo federal transitório, informaram os participantes.

Segundo testemunhas, centenas de pessoas, principalmente mulheres, se reuniram em frente ao teatro nacional, perto do palácio presidencial, onde esperavam ouvir um discurso do primeiro-ministro Mohamed Abdullahi Mohamed “Farmajo”. “As pessoas carregavam faixas com inscrições contra a violência e algumas agitavam flores em apoio aos esforços de paz”, disse Burhan Abdullahi, que estava no local. “Então, de repente, disparos foram trocados. Eu pulei um muro e vi muitas pessoas correndo para se proteger e outras que foram pegas pela troca de tiros.”

Shukri Moalim Ahmed, uma das organizadoras da manifestação, disse que o objetivo era apoiar a não-violência e expressar a preocupação sobre os confrontos que há duas décadas imperam no país. “Não sabemos por que abriram fogo contra civis inocentes que se manifestavam em paz. Uma das mulheres que estava perto de mim foi atingida na cabeça e morreu no local”, disse Ahmed. “Eu consegui correr e me abrigar atrás de um muro próximo. Nós só queríamos dizer sim à paz e não à violência. Obviamente, algumas pessoas não pensam como a gente.”

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Fontes de segurança disseram que não houve acordo ontem entre facções rivais das forças de segurança somalis a respeito da manifestação, que alguns militares de alta patente queriam proibir. O vice-prefeito de Mogadiscio, Warsame Mohamed Jodah, condenou os disparos indiscriminados e disse que a manifestação foi organizada para promover a paz e não tinha nenhum grupo em particular como alvo.

O incidente, hoje, ocorreu um dia depois de o Human Rights Watch ter pedido à Organização das Nações Unidas (ONU) que estabeleça uma comissão para investigar os crimes cometidos na Somália. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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