Pelo menos 12 pessoas morreram e 186 ficaram feridas durante um ataque realizado por uma multidão de muçulmanos contra uma igreja cristã copta na noite de ontem no Cairo, no Egito, no mais recente incidente de violência sectária no país. A desordem agrava uma situação de instabilidade no país, que recentemente passou por uma revolução política pela transição para a democracia.
O confronto despertou conflitos também hoje entre muçulmanos e cristãos coptas, que passaram horas atirando pedras uns nos outros em partes do Cairo. Também sinalizou a fraqueza do conselho de forças armadas que assumiu o controle temporário do país, depois que Hosni Mubarak foi derrubado da presidência, em 11 de fevereiro. Depois de tumultos durante a noite na favela de Imbaba, moradores voltaram sua raiva contra os militares. Alguns disseram que eles e a polícia não fizeram quase nada para intervir na onda de violência que durou cinco horas.
O ataque à igreja foi o mais recente sinal de assertividade de um movimento islâmico extremista e ultraconservador conhecido como Salafis, cuja crescente hostilidade com relação aos cristãos coptas do Egito durante os últimos meses vem sendo muito pouco contida pela intervenção dos governantes militares. Os Salafis são acusados de outros ataques recentes a cristãos e a outros grupos religiosos. Em um ataque recente, por exemplo, um homem cristão teve sua orelha cortada por alugar um apartamento a uma muçulmana suspeita de envolvimento com prostituição.
O confronto de sábado à noite pode ter sido desencadeado por rumores de que uma mulher cristã casada com um homem muçulmano estava sendo mantida presa na Igreja de Santa Mena, localizada em Imbaba, porque quis se converter ao islamismo. Os rumores, que não foram confirmados, levaram uma multidão de salafis a marchar em direção à igreja, um das mais antigas do Egito, e incendiá-la. Os cristãos fizeram uma barreira humana em volta da igreja e os conflitos começaram. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.