Palestinos e forças de segurança do Egito entraram em choque hoje, na fronteira com a Faixa de Gaza. Um guarda egípcio morreu e cerca de 20 pessoas de ambos os lados ficaram feridas. O confronto foi motivado pelo atraso de um comboio de ajuda internacional que entraria no território palestino por vias egípcias.

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O Hamas havia convocado um protesto por causa do atraso do comboio com a ajuda, proveniente do porto de El-Arish, no Egito. No entanto, a situação saiu do controle quando centenas de jovens começaram a atirar pedras através da fronteira contra os guardas.

O incidente aumentou as tensões entre o Egito e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza. A facção considera as tentativas do Egito de construir bloqueios para fechar a fronteira como uma ameaça direta à sua sobrevivência.

Este foi o pior episódio de violência na fronteira desde que um prefeito egípcio foi morto por um atirador palestino durante a ofensiva israelense na região em dezembro de 2008.

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A agência estatal de notícias egípcias disse que os palestinos atiraram e mataram um guarda de fronteira que estava numa torre de observação. Outros nove guardas ficaram feridos por causa as pedras jogadas por centenas de palestinos.

A polícia do Hamas fez disparos para dispersar a multidão. O diretor de um de um hospital local, Abdullah Shahateh, disse que 12 pessoas foram atendidas no local, das quais duas estão em estado grave. Outros três feridos estão em outro hospital.

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Ehab Ghussein, porta-voz do Ministério do Interior de Gaza, disse que a crescente raiva sobre a construção, pelo Egito, de uma barreira subterrânea ao longo da fronteira alimentou os protestos. “Há ódio e é por isso que aconteceu, especialmente por causa do muro (egípcio, que evita a entrada) que as pessoas estão chegando e se juntando a nós”, disse ele.

 

Ghussein disse que 35 palestinos ficaram feridos, dentre eles dois que tiveram morte cerebral e cinco em estado grave. A informação não pôde ser comparada com a fornecida pelos médicos.

Bloqueio

O Egito é alvo de críticas de grupos árabes e muçulmanos por cooperar com Israel em seu bloqueio de 28 meses ao território. O bloqueio foi imposto depois que o Hamas tomou o controle de Gaza, separando-se das forças do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

O governo do Hamas tem sobrevivido em grande parte por causa da imensa rede de túneis usados para contrabando na fronteira com o Egito. Por eles passa todo tipo de material, de comida, remédios e itens de consumo até dinheiro e armas.

O Egito começou a construir uma barreira de metal subterrânea ao longo de sua fronteira com Gaza no final do ano passado. A medida é a mais dura na tentativa de controlar o contrabando para o território palestino. A barreira enfureceu o Hamas porque pode separar a última ligação com Gaza e aumentar a pressão para que os militantes façam concessões.

O Egito diz que não é mais afetado pelas tentativas do Hamas de reunir a opinião internacional sobre o bloqueio, já que a fronteira é um assunto de segurança nacional e soberania. “Costumava importar antes, nas não somos mais sensíveis às críticas. Agora, é assim que será”, disse o porta-voz do Ministério do Exterior, Hossam Zaki, sobre os protestos realizados por ativistas.