Condenado à prisão professor chinês por organizar orgias

Um professor universitário acusado de organizar orgias foi sentenciado a três anos e meio de prisão na China, disseram funcionários, num caso que levou ao debate nacional sobre a liberdade sexual. O professor Ma Yaohai, de 53 anos, foi condenado e sentenciado por ter organizado e participado de orgias, afirmou um funcionário do Tribunal no distrito de Qinhuai, em Nanjing, no sudeste da China. O funcionário, que falou sob anonimato, não revelou seu nome.

Ma foi preso junto com outras 21 pessoas e acusado no ano passado, a primeira vez em que alguém foi enquadrado numa lei de 1997. O assunto atraiu um interesse enorme do público chinês, num país que tenta redefinir a sua moralidade nos tempos modernos.

O advogado de Ma, Yao Yong’an, disse que seu cliente foi o único a se declarar inocente e que apelará do veredicto. “Não foi um julgamento justo. Não foi baseado na lei. Nós podemos entender a razão que está nisso, mas não podemos aceitá-la”, disse o advogado. Todas as outras pessoas envolvidas se declararam culpadas e por isso foram absolvidas.

Os promotores acusaram Ma, um professor de ciência da computação na Universidade de Tecnologia de Nanjing, de organizar encontros virtuais num site, onde os participantes se reuniam online e depois marcavam encontros em casas ou em hotéis para as orgias.

Ma afirma que não cometeu nenhum crime e argumenta que os encontros envolveram homens e mulheres adultas, em lugares não públicos. A defesa de Ma parece ter sensibilizado os chineses, numa era de relativa liberdade sexual, na qual encontros extraconjugais e prostituição são comuns, além de receber o apoio das pessoas que acreditam que o governo deve ficar longe desses assuntos. Os chineses começaram a debater se as leis do país sobre comportamento sexual estão obsoletas, numa sociedade que passa por fortes mudanças nas suas atitudes em relação ao sexo.

A socióloga chinesa Li Yinhe, que esteve entre as principais defensoras de Ma, se disse desapontada com o veredicto. Ela reconheceu que a sentença marcou um progresso em comparação há 20 anos, quando demonstrações públicas de afeto, como abraços e beijos, ou mesmo dançar com uma pessoa do sexo oposto, seriam atitudes sujeitas a punições bem mais pesadas. “Naquela época, ele poderia ter sido condenado à morte. Mas a melhora verdadeira seria a abolição completa dessa lei.”

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