A rainha Elizabeth II afirmou nesta segunda-feira, 14, que o Brexit, previsto para o dia 31 de outubro, é a prioridade do governo. Ela também reforçou a importância de um novo sistema de imigração que substitua a atual liberdade de movimentação dos países-membros do bloco.

continua após a publicidade

As declarações foram dadas durante o chamado Discurso da Rainha, quando a nova legislatura é inaugurada na Câmara dos Lordes e todos os projetos planejados pelo governo para o próximo ano são detalhados.

Durante a leitura do programa de governo do primeiro-ministro Boris Johnson, a monarca ratificou o compromisso da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e da garantia dos direitos dos cidadãos da UE que já residem no Reino Unido. Além disso, destacou a determinação para que a relação com o bloco tenha como base a cooperação e o livre-comércio depois da saída do país.

O premiê britânico diz que prefere “estar morto em uma vala” do que solicitar outro adiamento. “Não posso acreditar plenamente que este é o caminho certo para este país”, reiterou o primeiro-ministro após o discurso da rainha.

continua após a publicidade

Ele prometeu que o país abandonará a UE no final do mês de qualquer maneira se, até o dia 19, não alcançar um acordo com Bruxelas. Apesar disso, existe uma lei que o obriga a pedir um novo adiantamento caso não se chegue a um consenso ou o Parlamento não o autorize a realizar o Brexit sem acordo.

Os planos do primeiro-ministro também incluem outros 20 projetos de lei. Entre eles, encontram-se um esboço do sistema de imigração pós-Brexit, reformas na justiça criminal, mudanças na assistência à saúde e uma promessa de investir mais recursos públicos para estimular o crescimento da economia.

continua após a publicidade

O novo modelo migratório terá como base um sistema de pontos, similar ao australiano, que entrará em vigor em 2021, quando os cidadãos da UE que chegarem ao país serão sujeitos aos mesmos controles que cidadãos de fora do bloco.

Oposição

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, classificou o discurso da rainha como farsa. Ele também declarou que o governo quer definir “uma agenda legislativa que sabe que não pode ser aprovada no Parlamento”.

O oposicionista afirmou ainda que a declaração da monarca nesta segunda-feira foi interpretada pelo líder conservador como “um ato de propaganda eleitoral”, que estaria de olho nas possíveis eleições para o Parlamento.

A Câmara dos Comuns vai discutir e votar a agenda governamental em até seis dias. Caso ela seja reprovada, Johnson pode renunciar ou a oposição pode apresentar uma moção de censura, o que poderia resultar em eleições gerais antecipadas.

Inicialmente, o Brexit teria ocorrido em março deste ano. Porém, a reiterada rejeição do Parlamento britânico ao acordo negociado pela ex-primeira-ministra Theresa May provocou dois adiamentos. A saída do Reino Unido da UE foi aprovada em um plebiscito em 2016, com 52% dos votos. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS