A comissão apoiada pelas Nações Unidas que investiga fraudes na eleição do Afeganistão emitiu as primeiras ordens hoje pela exclusão dos votos de algumas seções do resultado final. A eleição de 20 de agosto despertou diversas acusações de fraude. Todas as urnas de cinco seções eleitorais na província de Paktika devem ser ignoradas, pelas “claras evidências de fraude”, informou em comunicado a Comissão de Reclamações Eleitorais. Essa é uma medida mais dura que um pedido de recontagem, no qual os votos podem ainda ser contabilizados.

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As decisões da comissão não podem ser contestadas, pelas leis eleitorais afegãs. As críticas internacionais ao processo têm aumentado desde a terça-feira, quando resultados preliminares de 92% das urnas mostravam o atual presidente, Hamid Karzai, com mais de 50% dos votos, o que evitaria um segundo turno. Com a exclusão de várias urnas esse resultado pode ainda mudar. Caso haja nova votação, Karzai deve enfrentar o ex-ministro das Relações Exteriores Abdullah Abdullah.

A comissão ordenou uma auditoria e recontagem nas seções onde o comparecimento foi de 100% ou mesmo superior a isso, ou onde um candidato teve mais de 95% dos votos. O National Democratic Institute, sediado em Washington, concluiu que havia várias seções com mais de 100% de comparecimento nas províncias do Nuristão, Paktia, Helmand e Badghis, entre outros locais. Essas áreas estavam entre as mais perigosas no dia da eleição, onde houve baixo comparecimento, pois os eleitores temiam ataques de insurgentes.

A Comissão de Reclamações Eleitorais já recebeu mais de 2.800 reclamações sobre o dia da eleição e o processo de contagem. Entre essas, 726 foram consideradas sérias e específicas o suficiente para afetar os resultados finais. Até o momento, Karzai aparece nas parciais com 54%, ante 28% de Abdullah. Funcionários esperam divulgar os resultados finais no sábado, mas então ainda será preciso esperar as investigações de fraude e as recontagens.

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