Os diplomatas que investigaram a operação militar colombiana contra acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território do Equador concluíram que ambos os países devem controlar juntos a região da fronteira.
Em relatório apresentado nesta segunda-feira (17) ao Conselho de Chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, a comissão de investigação recomenda o fortalecimento de mecanismos de diálogo e propõe o desenvolvimento de programas de cooperação e integração de fronteiras com apoio de organismos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
?A comissão considera de particular importância que se desenrolem medidas de confiança entre ambos os países por meio de consultas e encontros periódicos entre funcionários encarregados do controle e da segurança da fronteira?, diz o documento apresentado aos ministros de Relações Exteriores dos 34 países membros da OEA.
A missão, da qual fez parte o embaixador do Brasil na OEA, Osmar Chohfi, também recomenda o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e a reativação dos mecanismos de consulta política existentes. As relações foram rompidas pelo Equador no dia 3 deste mês, dois dias após a incursão de forças militares e efetivos policiais colombianos em território equatoriano.
Outras medidas sugeridas pelos diplomatas são o incentivo ao diálogo entre as sociedades civis do Equador e da Colômbia e a intensificação das relações entre entidades empresariais dos dois países, com o objetivo de identificar ações para aumento do comércio bilateral, em particular o comércio fronteiriço. A comissão propõe também que a OEA crie uma missão para monitorar compromissos assumidos pelos dois países para cooperação em temas fronteiriços bilaterais e outras questões de interesse comum.
Coordenada pelo secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e integrada por embaixadores do Brasil, Peru, Argentina e Panamá, a comissão de investigação esteve no Equador e na Colômbia entre os dias 9 e 12 deste mês, conversou com presidentes, ministros e autoridades militares dos dois países e ouviu a versão dos dois governos sobre os fatos de 1º de março. Os diplomatas também visitaram a fronteira entre os dois países e o acampamento bombardeado.
Após analisar o relatório dos trabalhos da comissão, o Conselho de Chanceleres da OEA deverá aprovar resolução sobre a crise entre Equador e Colômbia. As propostas de resolução apresentadas pelos dois países deixam claro o descompasso entre os dois governos: O Equador pede a criação de uma comissão para estudar e determinar medidas de reparação por parte da Colômbia, enquanto este país propõe o imediato e pleno restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
A Colômbia também sugere que os chanceleres reafirmem que o terrorismo é uma ameaça que transcende fronteiras e recomendem a implementação de mecanismos bilaterais de cooperação a fim de ?preveni-lo, combatê-lo e eliminá-lo? de maneira efetiva.