O julgamento do soldado do Exército dos Estados Unidos Bradley Manning começou nesta segunda-feira mais de três anos depois de ele ser preso no Iraque, acusado pelo maior vazamento de informação confidencial na história dos EUA.
Manning admitiu ter enviado materiais para o site de denúncias WikiLeaks e se declarou culpado das acusações que o levarão à prisão por até a 20 anos. Os militares dos EUA e o governo Obama não ficaram satisfeitos, no entanto, e tentaram acusar o soldado de ajudar o inimigo, o que poderá resultar em uma sentença potencial de prisão perpétua.
Esse configura o caso mais importante para um governo que recebeu críticas por sua resposta a vazamentos. Os seis processos abertos desde que o presidente Barack Obama tomou posse representam mais do que os registrados em todas as outras presidências combinadas.
Manning escolheu ter seu julgamento realizado por um juiz, ao invés de um júri. O julgamento deverá perdurar por todo o verão.
Em fevereiro, Manning disse à juíza militar Denise Lind que ele vazou o material para expor a “sede de sangue” dos militares americanos e desrespeito à vida humana no Iraque e no Afeganistão. Ele disse não acreditar que as informações prejudicariam os EUA e ele queria iniciar um debate sobre o papel das políticas externa e militar.
A juíza aceitou sua confissão de culpa para reduzir a pena para cerca de metade dos crimes alegados, mas os promotores não aceitaram e avançaram com uma corte marcial por acusações que incluem violações da Lei de Espionagem e da Lei de Fraude e Abuso da Informática.
Os defensores de Manning o aclamaram como um herói da denúncia e disseram que ele é um prisioneiro político. Outros o consideraram um traidor.
Autoridades americanas disseram que os mais de 700 mil relatórios de campo de batalha e correspondências do Departamento de Estado enviados ao WikiLeaks colocaram vidas e a segurança nacional em perigo.
O material que o WikiLeaks começou a publicar em 2010 documentava reclamações de abusos de detentos iraquianos, uma contagem dos EUA de civis mortos no Iraque, e o fraco apoio dos EUA ao governo da Tunísia, o que segundo os defensores de Manning, incentivou a revolta popular que derrubou o presidente da Tunísia em 2011 e ajudou a desencadear os levantes pró-democracia no Oriente Médio, conhecido como a Primavera Árabe. Fonte: Associated Press.