Quatro integrantes do Hezbollah começaram a ser julgados à revelia nesta quinta-feira, num tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU), acusados pelo assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafiq Hariri num atentado a bomba em 2005.

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Os trabalhos foram abertos quase nove anos após a morte de Hariri numa enorme explosão em Beirute e poucas horas depois de outro carro-bomba ter matado pelo menos três pessoas num reduto do Hezbollah, perto da fronteira com a Síria.

“Vamos proceder como se os acusados estivessem presentes no tribunal e tivessem se declarados inocentes”, afirmou o juiz David Re ao Tribunal Especial para o Líbano (TEL). “O ônus é da promotoria, que deve provar que eles são culpados.”

O TEL é único na justiça internacional, já que foi estabelecido para julgar os participantes do ataque terrorista e porque pode julgar suspeitos à revelia.

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A galeria para o público estava cheia no início dos trabalhos do tribunal, onde foi montada uma grande maquete do centro de Beirute, onde foi realizado o ataque. O filho de Hariri, Saad, estava presente no tribunal.

A explosão de 14 de fevereiro de 2005 matou 22 pessoas, dentre elas Hariri, e feriu 226. O ataque levou ao estabelecimento do SEL pelo Conselho de Segurança da ONU em 2007.

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Embora inicialmente os ataques tenham sido atribuídos a generais libaneses pró-Síria, em 2011 o tribunal emitiu mandados de prisão contra Mustafa Badreddine, 52 anos; Salim Ayyash, de 50; Hussein Oneissi, 39 anos, e Assad Sabra, de 37, todos membros do Hezbollah, movimento xiita apoiado pela Síria. Um quinto suspeito, Hassan Habib Merhi, de 48 anos, foi indiciado no ano passado e seu caso pode ser julgado pelo atual tribunal.

Os quatro suspeitos foram indiciados por nove acusações, que vão de conspiração para cometer ato terrorista a homicídio e tentativa de homicídio.

Hariri, que renunciou ao cargo de premiê em outubro de 2004, estava indo para casa almoçar quando um suicida detonou uma van cheia de explosivos quando o comboio do ex-primeiro-ministro passou. A polícia calculou que foram usados explosivos equivalentes a 2,5 toneladas de dinamite no ataque.

O TEL provocou ferozes debates no Líbano, que é profundamente dividido entre partidários do Hezbollah e seus rivais do movimento 14 de março, estabelecido após o assassinato de Hariri e liderado por seu filho, Saad, ele também ex-primeiro-ministro do país.

O Hezbollah nega responsabilidade pelo ataque e seu líder, Hassan Nasrallah, disse que o tribunal é uma conspiração dos Estados Unidos e de Israel, além de afirmar que nenhum dos suspeitos será detido. Fonte: Dow Jones Newswires.