O presidente do Chile, Sebastián Piñera, fez ontem mudanças em oito ministérios. Com a medida, segundo analistas, ele busca melhorar a imagem do governo, que tem apenas 30% de aprovação, de acordo com pesquisas recentes. Piñera trocou os titulares das pastas de Educação, Justiça, Planejamento, Mineração, Energia, Obras Públicas, Economia e seu porta-voz.

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Desde que tirou 33 mineiros de um buraco no Deserto do Atacama, há quase um ano, a popularidade de Piñera não para de cair. O que era o resgate da direita chilena transformou-se, em pouco tempo, em um governo sitiado pela rejeição, apesar do crescimento econômico e do relativo sucesso da reconstrução depois do terremoto de fevereiro do ano passado.

Desde junho, dezenas de milhares de manifestantes têm marchado pelas ruas da capital Santiago, ora contra a construção de uma usina hidrelétrica na Patagônia, ora contra uma impopular reforma educacional. Em ambos os casos, os manifestantes contam com enorme respaldo popular.

Na última grande marcha, na quinta-feira, 30 mil estudantes tomaram as ruas de Santiago e entraram em choque com a polícia – 170 pessoas foram presas e dezenas ficaram feridas. Há um mês, estudantes secundaristas e universitários ocupam mais de 700 estabelecimentos de ensino, na maior onda de protestos registrada no Chile nos últimos 20 anos – a maior delas reuniu 100 mil manifestantes. Eles pedem uma reforma constitucional que altere o modelo de financiamento das universidades. Mais de 82% dos chilenos apoiam a revolta estudantil.

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Inexperiente, o atual governo – o primeiro de direita desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet – pena para melhorar sua imagem. Mas o presidente não ajuda. Desde que assumiu, em março, Piñera protagonizou gafes constrangedoras – ele já disse que Abel matou Caim, que Robinson Crusoé existiu de verdade, que o poeta chileno Nicanor Parra está morto e o Chile comemora 500 anos de independência, não 200.

A falta de tato irrita até seus aliados mais íntimos. Piñera é visto como um empresário de sucesso, homem prático, mas não um político nato. Ao formar seu gabinete com empresários famosos, contrariou a direita tradicional, agrupada em torno da União Democrática Independente (UDI), que se sente excluída e cobra do presidente fidelidade às bandeiras tradicionais, como a condenação da união estável entre pessoas do mesmo sexo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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