Ninguém pode afirmar que o 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que toma posse hoje, conseguirá promover as mudanças capazes de satisfazer as imensas expectativas de seus eleitores e simpatizantes. É certo, porém, que haverá uma alteração drástica no estilo e no conteúdo do governo norte-americano no momento em que George W. Bush passar o comando para o primeiro negro a chegar à presidência da maior potência do planeta.
Algumas mudanças esperadas são a volta do multilateralismo na política externa, a maior intervenção do Estado e transparência na economia, e uma tentativa de unir os EUA em torno de uma agenda interna de profundas reformas em setores como saúde, política energética e meio ambiente. Na economia e nas reformas, Obama gostaria de construir ao menos uma base mínima de consenso bipartidário. Tudo isso contrasta com o governo sectário, belicista e conservador de Bush.
O primeiro ato da política econômica de Obama será um ataque mais direto e avassalador para tentar tirar o país da maior crise desde a Grande Depressão. Mas o novo presidente terá como desafio mostrar que é capaz de realizar gastos superiores a US$ 1 trilhão previstos no plano de estímulo fiscal, com um nível inédito de transparência. “O povo americano vai saber para onde está indo o precioso dinheiro dos seus impostos”, prometeu Obama.
A política externa já começa pressionada pelo confronto em Gaza, cujo frágil cessar-fogo não deve aumentar em quase nada o espaço de manobra de Obama e da secretária de Estado, Hillary Clinton. Os primeiros passos em relação ao conflito serão analisados com lupa pelos que acreditaram no compromisso de Obama de enterrar o unilateralismo belicista de Bush. No entanto, provavelmente não há nenhum outro desafio de política externa no qual seja tão difícil aplicar a parcela de “poder brando”, contida na estratégia de “poder inteligente” que Hillary assumiu como eixo estratégico da sua gestão.
Na política interna, Obama, além do esforço inicial para aprovar no Congresso e implementar o pacote de estímulo fiscal, tem pela frente sua agenda de compromissos de campanha, que inclui pontos como uma profunda reforma do sistema de saúde. Junto com uma série de outros compromissos – da política em relação aos homossexuais nas Forças Armadas à desativação do presídio de Guantánamo -, as reformas compõem um programa ambicioso de mudanças de grande apelo para o eleitorado mais à esquerda de Obama. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.