O governo da Colômbia deverá anunciar nos próximos dias, formalmente, o adiamento da reunião de cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações (Unasul). Programado para os dias 28 e 29, em Cartagena das Índias, o encontro será suspenso por causa da resistência do presidente do Equador, Rafael Correa, em pisar em solo colombiano no momento em que a crise bilateral ainda não está plenamente superada. Nesta quarta-feira (19), em antecipação ao comunicado formal de Bogotá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou a iniciativa de cancelar a participação no evento que estava marcado para o fim do mês.
Fontes do Ministério das Relações Exteriores que acompanharam a crise Equador-Colômbia afirmaram acreditar que o clima causado pela reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA), na segunda-feira (17), em Washington, permitirá a realização da cúpula da Unasul nos próximos meses, mesmo em território colombiano.
O encontro da OEA foi marcado pelo consenso sobre a edição de uma resolução que, nas entrelinhas, condenou a Colômbia pela invasão de território do Equador no dia 1º para o bombardeio a um grupo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "A fase aguda da crise está superada. Vamos esperar que o tempo cure as feridas e favoreça o reatamento entre o Equador e a Colômbia", afirmou um experiente diplomata brasileiro.
Para a reunião de Cartagena das Índias, estava programada a aprovação dos 12 países da Unasul ao Tratado Constitutivo da comunidade, cuja negociação fora concluída no fim de semana, no Rio. Mas faltaria outra peça fundamental da Unasul – a conclusão do plano de ação nas áreas de integração de infra-estrutura, social e de energia, que deve ser fechado apenas em meados de abril. Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou convencer os colegas a comparecerem ao evento como meio de impedir a contaminação do projeto de integração pela crise Colômbia-Equador. Por telefone, ouviu do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a confirmação da presença.
Telefonema
Até a manhã desta quarta (19), Lula esperou um telefonema de Correa, no qual conversariam sobre a oportunidade de tirar proveito do encontro da Unasul para celebrar o reatamento entre a Colômbia e o Equador. O presidente do Equador havia prometido ao presidente brasileiro o telefonema durante a visita a Brasília, no início de março, no auge da crise. Diante da omissão de Correa, Lula preferiu trocar visita a Cartagena por um discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Maceió.
