A China exigiu hoje que o Japão liberte o capitão de um navio pesqueiro chinês, preso ontem após sua embarcação colidir com dois navios da guarda costeira japonesa. A China convocou o embaixador japonês pela segunda vez desde o incidente, perto de um arquipélago disputado pelos dois países no Mar do Leste da China, informou a agência estatal chinesa Xinhua.
Pequim “exigiu que o lado japonês liberte imediatamente o navio e os tripulantes a bordo e garantam sua segurança”, disse o ministro assistente das Relações Exteriores Hu Zhengyue ao embaixador Uichiro Niwa, segundo a Xinhua. O governo chinês também enviou funcionários da embaixada à ilha de Ishigaki, no sul japonês, onde funcionários interrogam o capitão chinês. A embarcação, com seus 14 tripulantes, também seguiu para a mesma ilha.
O Japão suspeita que o capitão colidiu com as embarcações de propósito. Ele está detido sob suspeita de obstruir o trabalho de funcionários, o que pode gerar uma pena de até três anos de prisão. O capitão respondeu aos questionamentos de modo obediente, segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, que citou funcionários da Guarda Costeira do Japão.
O incidente começou na manhã de terça-feira, quando um barco de patrulha japonesa ordenou que a traineira chinesa encerrasse suas operações nas águas disputadas. A Guarda Costeira japonesa afirma que então o navio chinês colidiu de propósito com a embarcação. Quarenta minutos depois, colidiu com um segundo barco da patrulha japonesa. Quatro barcos japoneses perseguiram a traineira chinesa e levaram o capitão para interrogatório.
O incidente ocorreu perto de uma disputada cadeia de cinco pequenas ilhas, conhecidas como Senkaku, no Japão, e Diaoyu, na China. Em Taiwan, elas são chamadas de Diaoyutai. As ilhas ficam entre a ilha de Okinawa, no extremo sul japonês, e Taiwan. Desabitadas, elas são controladas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim e Taipé. Acredita-se que haja reservas de petróleo inexploradas na região.
Um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Akitaka Saiki, disse na terça-feira ter informado ao embaixador chinês, Cheng Yonghua, que Tóquio “irá cumprir suas leis domésticas” e pretende processar criminalmente o capitão. A China expressou “grande preocupação” com o caso. Um porta-voz da chancelaria chinesa disse que Pequim ressaltou que as ilhas são parte do território chinês há tempos e notou que o Japão deve interromper suas “chamadas atividades de cumprimento da lei”.
Na manhã desta quarta-feira, um alto porta-voz do governo japonês, Yoshito Sengoku, disse que o Japão cuidará do caso estritamente em bases legais. O jornal estatal chinês Global Times afirmou que o problema pode ganhar força. Além de qualificar a condução do Japão deste caso como “irresponsável”, o diário afirmou que isso poderia deteriorar a relação bilateral ou até mesmo provocar uma ação militar. As informações são da Dow Jones.
