A crise na liderança do regime do Irã “passou”, disse hoje um influente clérigo conservador, aiatolá Ahmad Janati. Apesar disso, ele fez uma advertência velada ao presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad. A confrontação entre o presidente e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, foi gerada pela tentativa do presidente de demitir o ministro de Inteligência, Heydar Moslehi.

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Falando durante um sermão na Universidade do Irã, Janati disse que essa demissão havia sido “altamente inesperada”. “Nós não esperávamos isso de Ahmadinejad, mas a crise passou. A calma voltou e as mentes se acalmaram”, afirmou o clérigo, que comanda o poderoso Conselho dos Guardiães, um órgão que monitora os procedimentos eleitorais no Irã.

Janati advertiu Ahmadinejad, sem citá-lo, dizendo que não deve haver nova rebelião contra a autoridade de Khamenei. O líder supremo tem a palavra final sobre os assuntos do país.

“Se ele tomar decisões ruins, perderá apoio popular”, disse Janati aludindo aos esforços de Ahmadinejad para invocar a população contra seus críticos. Apesar de ressaltar sua obediência ao líder supremo, Ahmadinejad foi criticado por conservadores por desafiar a decisão de Khamenei de rejeitar a demissão do ministro, que acabou mantido no cargo.

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Moslehi, cujo ministério tem um papel fundamental para vetar candidatos eleitorais, teria sido pressionado por Ahmadinejad para renunciar no final de abril, em meio a uma luta pelo controle da rede de inteligência, antes das eleições parlamentares de março de 2012. Em protesto pelo veto de Khamenei à demissão, Ahmadinejad deixou de participar de eventos públicos e abandonou reuniões do gabinete, bem como visitas oficiais no final de abril, em uma crise sem precedentes.

Janati também advertiu indiretamente o presidente, dizendo que ele não poderia proteger indefinidamente o controverso Esfandiar Rahim Mashaie, malvisto pelos religiosos tradicionalistas do regime iraniano. Mashaie, que trabalha junto com Ahmadinejad há 25 anos, é condenado por suas visões nacionalistas que remontam à época em que o Irã ainda não era uma república islâmica. “Algumas pessoas buscam causar um desvio, um ato contra o país e o Velayat-e Faqih (o líder supremo)… Mas chegará o dia em que o regime e o povo irão lidar com eles”, afirmou Janati. As informações são da Dow Jones.

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