Os principais alvos da recente violência étnica no Sudão do Sul têm sido a população civil, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU). No primeiro relatório produzido sobre direitos humanos desde o início dos conflitos, a organização avaliou a disputa como uma “catástrofe” na qual provavelmente milhares de pessoas morreram, sendo que outros milhares estão sujeitos a estupros, prisões arbitrárias e tortura.
A missão de paz da ONU no Sudão do Sul esclareceu que o relatório sobre os direitos humanos nas seis primeiras semanas da crise, de 15 de dezembro a 31 de janeiro, oferecem um quadro da violência no país.
“Testemunhas, vítimas, governo e oficiais de segurança reportaram o alvo deliberado de civis, tanto nacionais quanto estrangeiros.” Há relatos de assassinatos em massa, desaparecimentos forçados, estupro, estupro coletivo e tortura pelos dois lados do conflito. O relatório foi produzido com base em mais de 500 entrevistas.
Como os eventos ainda estão sendo investigados, a missão de direitos humanos da ONU afirmou que ainda é prematuro julgar se a violência sexual está sendo usada como uma arma de guerra.
O relatório é focado em quatro estados, nos quais ocorreram os relatos de conflitos mais pesados: Equatória Central, Juncáli, Alto Nilo e Unidade.
Acompanhando o relatório, um comunicado divulgado pela missão da ONU disse que na recente batalha por controle em Malakal, a capital de Alto Nilo, houve novas evidências de abuso dos direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais de duas crianças. Uma patrulha da ONU também foi informada por testemunhas que forças da oposição mataram 10 civis desarmados no Hospital de Ensino de Malakal com base em seu passado étnico.
A ONU afirmou que na capital Juba, testemunhas confiáveis indicaram que soldados do Exército de Sudão do Sul, de origem Dinka, deliberadamente procuraram e mataram civis da etnia Nuer após buscas nas casas.
O conflito no Sudão do Sul começou em 15 de dezembro com uma disputa política, mas rapidamente se transformou em uma disputa étnica entre seguidores do presidente, da etnia Dinke, e a do ex-vice-presidente, a Nuer. Fonte: Associated Press.