Cinco dissidentes cubanos – quatro deles, prisioneiros – entraram hoje em greve de fome para protestar contra a morte por inanição de Orlando Zapata, na terça-feira. Os opositores passaram a recusar qualquer tipo de alimento sólido, informou hoje a organização anticastrista Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.

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Zapata morreu após 85 dias de greve de fome no dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcava em Cuba para se reunir com Fidel e Raúl Castro. O episódio desencadeou uma onda de condenações à ditadura cubana por parte de ONGs, países europeus e Estados Unidos. Lula, entretanto, esquivou-se de uma posição mais dura e criticou o protesto do dissidente.

A ONU quer abrir uma investigação sobre as prisões cubanas para apurar casos de torturas do regime castrista. O pedido vem sendo feito há meses, mas ganhou força nas últimas semanas com o aumento de denúncias de dissidentes feitas à entidade. Havana não aprova a visita da ONU e impõe condições que a organização se recusa a atender.

A missão em Cuba seria conduzida pelo relator especial contra a tortura, o austríaco Manfred Nowak. Foi ele quem revelou a existência de prisões secretas mantidas pelos EUA em meio à guerra ao terror. Nowak também pressiona a abertura de Guantánamo a inspeções. A diplomacia cubana confirmou ao Estado que Nowak e o regime castrista reuniram-se há duas semanas para negociar a visita. Mas, por enquanto, não há acordo.

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Em um documento oficial, o relator explica que Cuba está na mesma situação do Zimbábue. Ambos os países tentaram nos últimos anos demonstrar que estão abertos a missões da ONU, buscando reduzir a pressão internacional. Mas impõem condições que inviabilizam os inquéritos.

Para os relatores da ONU, as missões devem ocorrer de forma totalmente independente do governo local. Entrevistas com detentos e dissidentes, por exemplo, não seriam acompanhadas por autoridades locais. O acesso irrestrito às prisões é outra condição.

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