A Corte Internacional de Justiça (CIJ) traçou nesta segunda-feira uma nova fronteira marítima entre o Peru e o Chile. O tribunal subordinado à Organização das Nações Unidas (ONU) concedeu ao Peru parte da disputada região do Oceano Pacífico, mas deixou com o Chile a rica região pesqueira da costa.
A demarcação decidida hoje pela CIJ, também conhecida como Corte Mundial, põe fim a décadas de discussões em relação a como dividir uma das regiões pesqueiras mais ricas do mundo entre os dois vizinhos sul-americanos.
As decisões da CIJ são inapeláveis e o cumprimento é obrigatório pelos dois países. Os governos peruano e chileno já anteciparam que acatariam a decisão, fosse ela qual fosse.
O historiador e colunista peruano Nelson Manrique qualificou a decisão como “inteligente”, que “não satisfaz nenhuma das partes, mas também não vai levar ninguém à guerra”.
A disputada região de fronteira marítima abrangia uma área de 38 mil quilômetros quadrados de oceano em uma faixa que se estende até o limite da plataforma continental de cada um dos países.
Essa região inclui uma das regiões pesqueiras mais ricas do mundo. A pesca anual nessa área é calculada em US$ 200 milhões pela indústria pesqueira peruana. A maior parte desse pescado é uma espécie de anchova utilizada na fabricação de farinha de peixe, usada como alimento animal e fertilizantes. Peru e Chile, nesta ordem, são os maiores exportadores mundiais de farinha de peixe.
Além da questão econômica, o que estava em jogo para muitos era o orgulho nacional. O Chile capturou as três províncias do extremo norte de seu atual território durante a Guerra do Pacífico, travada entre 1879 e 1883. Como resultado, o Peru perdeu dois territórios e a Bolívia ficou sem saída para o mar. Fonte: Associated Press.