O fogo ardeu por cinco dias na cidade portuária de Kesennuma e só foi extinto na noite de ontem, deixando um cenário parecido a um imenso ferro-velho de metal retorcido e carros incendiados, que ganha tons surrealistas pela presença de um imenso navio estacionado no meio do entulho.
Marinheiros que se dedicam à pesca de atum, os homens de Kesennuma estão acostumados às tempestades no mar, mas jamais imaginaram que pudessem ver algo da proporção do tsunami que os atingiu na sexta-feira. “Esperávamos que um dia algo grande chegasse, mas nunca que fosse tão devastador”, disse Hiroshi Sukuzi, de 60 anos, que agora vive com alguns vizinhos em um dos 93 abrigos provisórios criados para receber as 20 mil pessoas que perderam suas casas – mais de um terço da população de 73 mil habitantes.
Os moradores de Kesennuma enfrentaram o terremoto, o tsunami e o incêndio, que se sucederam em um espaço de uma hora. O fogo começou logo após a água avançar pela cidade, criando o cenário paradoxal de chamas em meio ao alagamento.
A origem foram os botijões de gás das casas, que foram explodindo um depois do outro. O combustível que vazou dos navios também alimentou o fogo, causando um incêndio de proporções gigantescas. Ontem, equipes de resgate vasculhavam os escombros em busca de corpos e moradores incrédulos olhavam para o que sobrou de suas casas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.