Dezessete anos após retomar o controle de Hong Kong, a China enfrentou o maior desafio a sua autoridade nesta terça-feira, quando dezenas de milhares de habitantes participaram de uma manifestação pedindo democracia.

continua após a publicidade

A irritação com a China continental aumentou depois de Pequim ter afirmado, recentemente, que detém a autoridade máxima sobre o enclave capitalista, apesar das promessas de permitir um alto grau de autonomia após o fim do governo britânico e da devolução do território aos chineses, em 1997.

Segundo a polícia, no máximo 98.600 pessoas participaram do protesto, enquanto os organizadores estimam que foram 510 mil manifestantes. A expectativa era superar os 500 mil que compareceram a um ato em 2003, na maior demonstração já realizada na cidade, num protesto contra uma proposta de lei relativa à defesa da segurança do Estado, que acabou caindo.

A multidão marchou de forma pacífica levando faixas e pôsteres pedindo democracia e tomando metade de uma ampla avenida debaixo de um sol escaldante e de chuvas ocasionais em meio aos arranha-céus do bairro financeiro. Milhares de policiais observavam a passagem dos manifestantes.

continua após a publicidade

Alguns deles gritavam “nosso próprio governo, nova própria escolha”, enquanto outros pediam a queda do governador da cidade, Leung Chun-ying.

Alguns grupos ao longo da passeata cantaram em cantonês uma versão da música “Você ouve as pessoas cantarem?”, do musical “Os Miseráveis”, baseado na obra de Victor Hugo. A versão, cuja letra fala sobre o sufrágio universal, se tornou um hino dos manifestantes de Hong Kong.

continua após a publicidade

O dia 1º de julho é um feriado que lembra a entrega de Hong Kong para Pequim em 1997, mas se transformou num dia de protestos. Neste ano, o foco foi a raiva dos manifestantes contra um documento, o “papel branco”, divulgado no mês passado pelo gabinete chinês, segundo o qual o alto nível de autonomia de Hong Kong não é próprio do território, mas sim autorizado pelo governo central.

O protesto aconteceu dias depois de cerca de 800 mil moradores terem votado num referendo informal cujo objetivo foi estimular o apoio para a democracia. Pequim considerou o referendo como uma farsa política.

Os líderes chineses prometeram que os cidadãos de Hong Kong poderão votar no governador da cidade até 2017. Por outro lado, o governo central chinês tem rejeitado pedidos para que a população indique candidatos, afirmando que os nomes serão vetados por um comitê ligado a Pequim.

Leung, o governador da cidade, tentou aliviar as tensões, dizendo em discurso que fará “tudo o que puder para conseguir um consenso” sobre a implementação do sufrágio universal. Mas o governo divulgou, posteriormente, um comunicado dizendo que é improvável que a nomeação de pessoas indicadas pela população seja permitida porque trata-se de uma questão “altamente controversa” do ponto de vista legal. Fonte: Associated Press.