A voz da mensagem contra a publicação de charges sobre o profeta Maomé, divulgada na quarta, é mesmo do líder da rede terrorista Al-Qaeda, Osama Bin Laden, informou nesta quinta-feira a CIA. Um funcionário da agência de inteligência norte-americana confirmou a autenticidade do áudio. O funcionário disse que as mensagens eram "parte da existente campanha de propaganda" da Al-Qaeda. Segundo ele, não era possível ainda determinar quando a mensagem foi gravada.

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Na mensagem, Bin Laden pede aos "homens sábios" da União Européia que critiquem severamente a publicação de cartuns que insultam o profeta Maomé, e pediu uma forte reação contra a publicação das charges. Bin Laden ameaçou a União Européia de retaliação, além de dizer que o papa Bento XVI faz parte de uma "cruzada" contra o Islã.

A mensagem não fazia menção aos cinco anos da invasão americana no Iraque. Aparentemente, a mensagem foi divulgada porque nesta quinta-feira é o aniversário do nascimento do profeta Maomé para os islâmicos sunitas.

O áudio foi postado em um site de militantes e mostra o logo do escritório midiático da Al-Qaeda, a Al-Sahab, que apresenta uma imagem antiga de Bin Laden empunhando um rifle de assalto AK-47.

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A mensagem de cinco minutos, com legendas em inglês, é a primeira de Bin Laden em 2008. Na anterior, postada em 27 de dezembro de 2007, ele instava os islâmicos sunitas a não lutar contra a Al-Qaeda no Iraque e incitava a ataques contra o Estado de Israel.

Em 2006, foram publicadas em um jornal dinamarquês charges consideradas ofensivas ao profeta Maomé. Os cartuns foram posteriormente republicados por outros jornais europeus, gerando protestos em vários países muçulmanos.

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No último dia 13 de fevereiro, jornais dinamarqueses republicaram uma das charges, que mostra o profeta Maomé com um turbante no formato de uma bomba. A intenção declarada pelos jornais foi mostrar seu comprometimento com a liberdade de imprensa, após a polícia anunciar a descoberta de um plano para matar o cartunista.

Segundo funcionários da inteligência dinamarquesa, a republicação trouxe "atenção negativa" para o país. O ato poderia inclusive trazer mais riscos para os dinamarqueses no exterior, segundo os funcionários.

Vaticano

O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, disse hoje que as acusações ao papa são infundadas. "É totalmente sem base (acusar) o papa de contribuir para a falta de respeito em relação ao Islã", disse Lombardi. O porta-voz lembrou que Bento XVI criticou a publicação das charges consideradas ofensivas ao Islã em várias ocasiões.