Interrogadores da CIA ameaçaram matar os filhos de um detido no auge da guerra ao terror do governo de George W. Bush e sugeriram que a mãe de outro seria estuprada, segundo documentos sigilosos divulgados hoje. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação criminal sobre as práticas “não autorizadas, improvisadas e desumanas” da agência de espionagem. “Daqui a dez anos estaremos lamentando isso, (mas) tem de ser feito”, disse um agente da CIA não identificado no relatório, prevendo que os interrogadores algum dia teriam de comparecer perante os tribunais para responder pelas torturas.
Os documentos são os mais abrangentes liberados até agora sobre o sistema antes secreto do governo Bush de capturar suspeitos de terrorismo e os interrogar em prisões no exterior. Num caso, o suspeito Abd al-Nashiri, o suposto arquiteto do atentado a bomba contra o navio USS Cole em 2000, foi encapuzado, algemado e ameaçado com um revólver e uma furadeira. O interrogador também ameaçou a mãe de Nashiri, insinuando que ela poderia ser estuprada na frente dele.
O secretário de imprensa do presidente Barack Obama, Robert Gibbs, disse hoje que os interrogadores da CIA não serão processados se tiverem agido dentro das diretrizes legais da época. Segundo o relatório, no entanto, agentes haviam usado “técnicas não autorizadas”. O diretor da CIA, Leon Panetta, disse que pretende “defender os agentes que fizeram o que seu país pediu e que seguiram a diretriz legal que haviam recebido”. Ele reconheceu que alguns agentes foram disciplinados por terem ido além dos métodos aprovados pelo Departamento de Justiça da era Bush.