Choques entre polícia chinesa e tibetanos deixam dois mortos

Choques entre manifestantes tibetanos e forças de segurança chinesas provocaram na segunda-feira (24) a morte de um policial na Província de Sichuan, no centro do país, de acordo com a agência oficial Nova China, em um indício de que os protestos nas regiões próximas do Tibete ainda não foram totalmente controlados. O Centro Tibetano para Direitos Humanos e Democracia, com sede na Índia, divulgou nota afirmando que um monge tibetano morreu e outro ficou gravemente ferido na mesma manifestação – ambos teriam sido vítimas de tiros disparados por policiais. Segundo a entidade, cerca de 200 pessoas participaram do protesto, marcado por palavras de ordem como "Libertem o Tibete" e "Longa vida ao dalai-lama".

Autoridades de Pequim anunciaram hoje a prisão de cinco tibetanos suspeitos de iniciar incêndios que provocaram a morte de dez pessoas nos dias 14 e 15 em Lhasa, capital do Tibete, e num distrito vizinho. Os protestos antichineses do dia 14 foram os mais violentos desde 1989, quando a lei marcial vigorou no Tibete por 13 meses. O governo chinês afirma que ao todo 22 pessoas morreram, enquanto organizações ligadas a tibetanos no exílio falam em 140 mortos.

Shan Huimin, porta-voz do Ministério de Segurança Pública, afirmou que os cinco detidos confessaram participação nos crimes. Três são mulheres suspeitas de pôr fogo numa loja de roupas. O incêndio provocou a morte de cinco vendedoras, uma das quais tibetana. Os outros dois são acusados de incendiar uma loja no distrito de Dagze, onde cinco pessoas morreram – entre elas, um bebê de 8 meses e seus pais.

Um jornalista da revista The Economist que estava em Lhasa no dia 14 relatou que os manifestantes atacaram principalmente lojas de propriedade de chineses han, a etnia que representa 91,6% da população do país.

Chineses han se mudaram para o Tibete nas últimas décadas com estímulo de Pequim, em uma tentativa de garantir a integração da região ao território chinês. A explosão de violência no dia 14 é um indicador do grau de tensão étnica que persiste na região. O ateísmo do Partido Comunista se choca com a profunda religiosidade dos tibetanos, que têm como líder espiritual o dalai lama, exilado na Índia desde 1959 e proibido de entrar na China. Nesta terça-feira (25), o dalai lama reiterou sua ameaça de renunciar ao posto de chefe do governo tibetano no exílio se as manifestações de violência continuarem.

No Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, a União Européia, os EUA, o Canadá e outros países ocidentais pediram que a China se abstenha de usar a força contra os manifestantes. Pediram também que os protestos sejam pacíficos.

Em Katmandu, no Nepal, a polícia reprimiu com bastões de bambu um protesto de monges e refugiados tibetanos diante da embaixada chinesa. Cerca de cem manifestantes foram detidos.

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