O ex-presidente francês Jacques Chirac enfrenta os tribunais a partir desta segunda-feira por um caso de corrupção cujo julgamento é esperado há muito tempo. Chirac, 78 anos, faz parte de um grupo de réus acusados de desvio de dinheiro, abuso de confiança e de conflito de interesses.
Entretanto, um dos principais advogados de defesa de Chirac entrou com um recurso de última hora sobre a constitucionalidade do processo. Se o recurso for acatado pelos juízes do Tribunal Correcional de Paris, o julgamento será imediatamente suspenso até a apreciação por outras instâncias.
A prisão do político famoso por ter sido contrário a George W. Bush na invasão do Iraque é altamente improvável, mas em princípio se condenado, Chirac pode pegar dez anos de prisão e multa de até 150 mil euros. A previsão é que o julgamento dure até 8 de abril.
Esta é a primeira vez que um ex-presidente vai a julgamento na França e por isso o assunto está tendo grande destaque na mídia local. O caso faz parte de uma saga judiciária que envolve dois dossiês: a criação de 21 empregos fictícios de “encarregados de missões” junto ao gabinete do prefeito, entre 1992 e 1995, e outro de sete empregos fantasmas, que estava sendo julgado por um tribunal de Nanterre, nos arredores de Paris, e foi juntado ao primeiro processo.
Alguns acusados já foram julgados e condenados, mas Chirac só pôde ser indiciado em 2007, após 12 anos de imunidade penal adquirida por seu mandato como presidente, de 1995 a 2007. No período em que foi prefeito de Paris, Chirac também era presidente do antigo partido RPR, que se tornou o atual UMP, do governo.
Chirac nega qualquer tipo de mal procedimento e insiste que na época a França não tinha leis judiciais que impedia o financiamento de partidos e que as despesas foram aprovadas pelo Conselho da cidade. As informações são da Associated Press.