Dezenas de crianças, a maioria filhos de imigrantes rurais, se organizaram para cobrar do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao o direito de “frenquentarem a escola” em Pequim, onde a matrícula dessas crianças costuma ser negada devido à procedência “rural” de seus pais, informou nesta sexta-feira o portal “China News 24”. “Avô Wen, quero ir ao colégio!”, gritavam as crianças, acompanhadas de seus pais, ao primeiro-ministro no protesto realizado ontem em uma escola primária de um distrito da capital, informou o portal citado.
Seus pais são alguns dos milhões de trabalhadores que se deslocaram do campo para cidade em busca de melhores condições de vida e que não conseguiram mudar a localização de seu “hukou”, a permissão de residência que os cidadãos chineses possuem para diferenciar se os mesmos são “rurais” ou “urbanos”. O “hukou”, que foi implantado nos anos 50 para evitar grandes êxodos do campo para cidade, obriga os camponeses a receber educação e serviços sociais em seu lugar de origem. Desta forma, os camponeses que emigram às cidades urbanas acabam sofrendo todo tipo de discriminação, seja no âmbito trabalhista ou social.
As crianças que protagonizaram a manifestação em Pequim eram algumas das 12 mil que foram afetadas pelo fechamento das escolas ilegais que ensinavam os filhos de camponeses emigrantes em Pequim, explica o portal “China News 24”. Os requisitos para poder alterar essa permissão de residência variam de acordo com a província de onde as pessoas são provenientes, mas, no geral, é uma tarefa que poucos conseguem concluir.
Dos mais de 20 milhões de habitantes que foram registrados em Pequim no final de 2011, só 12 milhões tinham uma identificação da capital, segundo o Birô Nacional de Estatísticas da China.No último ano, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao prometeu uma maior atenção aos imigrantes rurais do país, um dos coletivos mais esquecidos na ascensão econômica da China. Apesar da iniciativa, a promessa ainda não gerou nenhuma ação.