O governo da China dificulta um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) e alerta que não abrirá seu mercado para produtos agrícolas e têxteis, além de recusar a liberalização de seus setores industriais. Pequim anunciou que não reduzirá suas barreiras para a importação de açúcar, arroz e algodão. O governo americano acusa a China de estar querendo benefícios da Rodada sem fazer qualquer concessão.
Pela primeira vez, a China foi convidada pela OMC para fazer parte de um pequeno grupo de países que toma as decisões na entidade. Na condição de segundo maior exportador do mundo, deixar a China de fora das decisões parecia difícil. Mas, agora, os mandarins da política comercial chinesa avisam a que vieram e deixam claro que não vão sair do processo sem ganhos claros.
“A China e os demais países emergentes precisam entender que precisam adotar uma postura responsável e também oferecer ganhos ao sistema multilateral”, afirmou Anne Marie Idrac, secretária de Comércio da França. “A China precisa colaborar”, afirmou a Representação de Comércio dos Estados Unidos.
A resistência dos chineses em abrirem seu mercado no setor do algodão também impede um acordo para o setor. Isso porque os americanos alegam que apenas poderão cortar seus subsídios internos se forem compensados com maiores possibilidades de exportação. Por enquanto, a China insiste aos diplomatas de Washington que não haverá uma redução dos atuais 40% na tarifa. Diante do cenário, os americanos continuaram se recusando a aceitar a proposta de corte de 80% dos subsídios apresentada pela OMC.
Brasil e os países africanos que produzem algodão insistem que os americanos precisarão fazer cortes profundos para que haja um acordo na Rodada. Mas segundo o representante do Mali nas negociações, Abdoulaye Sanuko, os americanos foram claros em uma reunião: não vão aceitar cortar seus subsídios enquanto não ganharem novos acesso aos mercados estrangeiros.
Pequim anunciou ainda que não vai aceitar a proposta de cortar tarifas para bens industriais de forma profunda. Os americanos e europeus querem que cada país emergentes escolha pelo menos dois setores inteiros para serem liberalizados, como máquinas, químicos ou automóveis.