China se diz ‘pronta para trabalhar’ com governo japonês

A China afirmou hoje que está pronta para trabalhar com o governo liderado pelo Partido Democrático do Japão (PDJ). No domingo, o PDJ obteve uma vitória folgada nas eleições parlamentares, encerrando um domínio de mais de 50 anos quase ininterruptos do Partido Liberal Democrático (PLD) no país. “Nós estamos prontos para trabalhar com o Japão a fim de fortalecer nossa cooperação bilateral e manter o bom momento de trocas de alto nível para, conjuntamente, contribuir para a paz e para o desenvolvimento na Ásia”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

O PDJ, liderado por Yukio Hatoyama, obteve 308 das 480 cadeiras da Câmara dos Deputados. Hatoyama, um engenheiro com estudos nos Estados Unidos, já indicou que a política externa do país deve se voltar mais para a região asiática e menos para os EUA. Em um artigo publicado na semana passada no jornal “The New York Times”, Hatoyama ressaltou a rápida ascensão chinesa na economia e pediu a criação de uma comunidade asiática com uma moeda comum, baseada no modelo da União Europeia.

Os dois países trabalham duro para reduzir anos de tensão, em grande parte causada pela brutal ocupação japonesa na China, durante a Segunda Guerra. Sob o ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi, que governou o Japão entre 2001 e 2006, as relações bilaterais se deterioraram, em razão das visitas feitas por Koizumi a um controverso memorial de guerra. Hatoyama já disse que não pretende visitar o templo Yasukuni, em Tóquio. Os chineses reclamam, pois no santuário xintoísta há entre os enterrados ali pessoas consideradas criminosos de guerra.

A China qualificou o Japão como um dos “vizinhos importantes” e dos “principais países” na Ásia, nas palavras do porta-voz. Mas também advertiu sobre “temas históricos”. “Nós acreditamos que o Japão deve tratar temas históricos de uma maneira responsável, o que é de seu próprio interesse e conduz à melhoria das relações com outros países asiáticos.”

Confirmação

Veículos da mídia local japonesa informaram hoje que Hatoyama será confirmado como novo primeiro-ministro do país em uma sessão especial do Parlamento, no dia 16. Segundo essas fontes, Hatoyama pretende nomear seu gabinete logo em seguida. Um dos embates do novo governo deve ser entre as novas figuras que lideram o país e a burocracia, tradicionalmente ligada ao PLD. “A burocracia está usando os políticos agora”, acusou Jin Matsubara, um parlamentar do PDJ, em entrevista à emissora Asahi. De acordo com ele, os burocratas muitas vezes ficam tão preocupados com seu ministério específico, que não conseguem ter uma visão do conjunto da sociedade, que poderia beneficiar as pessoas comuns.

Analistas políticos notam que os 360 mil funcionários públicos japoneses têm de fato mais poder, em comparação com outras democracias. Quando vários burocratas se aposentam, eles passam a trabalhar em empresas ou agências que antes supervisionavam – uma prática que, segundo os críticos, encoraja a corrupção. As informações são da Dow Jones.

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