A mídia estatal chinesa minimizou as notícias da revolta popular que derrubou o presidente egípcio, veiculando neste sábado apenas artigos breves e um editorial alertando de que o país árabe pode entrar em “caos”. A relutância em destacar as comemorações em Cairo provavelmente surge do medo de disseminar uma agitação na China que possa ameaçar o monopólio do Partido Comunista no poder. O autoritário governo chinês pune implacavelmente a dissidência política e proíbe a maioria das manifestações populares.
Boa parte dos jornais chineses e sites de notícias veiculavam uma cobertura concisa da agência estatal Xinhua, que trazia fatos básicos sobre a renúncia de Hosni Mubarak, mencionando brevemente os protestos generalizados que provocaram sua queda.
As notícias do Egito foram enterradas no meio do noticiário da emissora estatal de televisão neste sábado. A CCTV não colocou no ar qualquer imagem dos manifestantes, e sim mostrou cenas de lojas fechadas e ruas desertas. Desde o início dos protestos no Egito, a busca pelas palavras “Egito” e “Mubarak” em páginas de microblogs na Internet foi bloqueada, mas a restrição pode ser contornada pela versão abreviada do nome do ex-presidente egípcio “Muba”.
“A estabilidade social deve ser de extrema importância. Quaisquer mudanças políticas serão insignificantes, se o país sucumbir ao caos no final”, disse o editorial do China Daily, um jornal em inglês voltado para leitores estrangeiros. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, disse em um comunicado que a China espera que o Egito consiga restaurar a estabilidade e a ordem normal o mais rápido possível. As informações são da Associated Press.
